domingo, 26 de julho de 2009

What u wearin’, babe?

Hum... Adivinha...
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... meias esportivas brancas, meia-calça de lã marrom, meias de lã amarelas, calça de moleton cinza, camiseta azul, malha de lã verde, moleton azul, casaco de nylon preto, cachecol colorido e chinelos azul marinho.
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Brrrrrrrrr!




sábado, 11 de julho de 2009

À deriva

Para Meine Liebe
No começo deste ano, fui presenteada por uma amiga com o livro Na praia, de Ian McEwan, e a seguinte dedicatória:

“Para Cris,
Um livro sobre a impossibilidade de se partilhar experiências e a filosofia do ‘Vive aí’”.

Penso que dar ou emprestar um livro é uma maneira de partilhar com uma pessoa querida a sensação de que alguém, em um momento de inspiração, foi capaz de dar forma a sentimentos, emoções e vivências que experimentamos muitas vezes sem sabermos nomear.

Neste caso, no entanto, o que minha amiga e eu partilhávamos era justamente a nossa percepção sobre o quanto as experiências podem ser “impartilháveis”. Em Na praia, um jovem casal em lua de mel partilha (!) uma refeição momentos antes da consumação carnal do casamento. Ambos se casaram por amor, sem qualquer dúvida sobre o que sentiam, sem que tivessem sido compelidos por qualquer outro motivo que não a sua própria vontade. Ainda assim, sentados de frente um para o outro naquela mesa, no quarto do hotel, cada um vivencia sentimentos absolutamente particulares em relação ao outro e àquele momento. McEwan leva ao extremo a impossibilidade de se dividir inteiramente a intimidade com alguém, mesmo que esse alguém seja justamente quem mais amamos. Essa impossibilidade leva a consequências devastadoras para os protagonistas do romance.

Eu e minha amiga pensávamos muito sobre isso na época em que ela leu esse livro e decidiu dá-lo para mim. Eu já havia contado a ela a respeito daquilo que meu pai me ensinou: que o que existe entre um casal tem sempre uma faceta invisível para quem está fora da relação. Concordamos nisso. Mas nos sentíamos especialmente espantadas com o fato de que, mesmo dentro da relação, cada indivíduo de um casal pode viver uma história absolutamente diferente da vivida pelo outro. Era algo que nos causava um impacto profundo, não exatamente por ser surpreendente, e sim por ser algo que reconhecíamos de forma clara em nossas próprias vidas, em nossas próprias relações.

A segunda parte da dedicatória – a “filosofia do ‘Vive aí’” – foi a única conduta factível que encontramos diante dessa constatação. Posto que é impossível saber o que realmente se passa no íntimo das pessoas – mesmo que essa pessoa seja alguém que se deita ao nosso lado todas as noites – só nos resta seguir vivendo, aceitando a nossa absoluta falta de controle sobre a vida, a total imprevisibilidade do nosso destino.

A impossibilidade de partilhar experiências pode se revelar para quem vive junto há anos. Basta pensar naquele casal que durante trinta anos foi incapaz de ir até a padaria sem dar as mãos para atravessar a rua. Um dia, sem mais, ele se descobre apaixonado por uma mulher trinta anos mais jovem. Sai de casa, se afasta dos filhos, sequer se dá ao trabalho de conhecer a primeira neta. Parece história de novela mexicana, mas é vida real. E a esposa, completamente perdida, só sabe se perguntar se tudo aquilo que ela achou que tinha vivido foi um sonho sonhado só. Era? Impossível saber.

Se a impermeabilidade dos sentimentos íntimos acomete um casal que se conhece há tanto tempo, é evidente que não poupa também os jovens enamorados. Foi assim comigo. Quando achei que a minha relação tinha chegado exatamente no lugar que eu esperava – um amor maduro, companheiro, equilibrado –, ela acabou. Sinal de que, do outro lado da linha, havia alguém bem menos satisfeito do que eu. Como saber? Como prever? Impossível.

Casais que vivem juntos há trinta anos, casais que namoram durante quatro anos. E quando apenas começamos a conhecer alguém? Nada se compara à tensão de tentar interpretar os primeiros passos, gestos, movimentos e palavras de alguém que nos interessou. Queremos atribuir sentido aos mais ínfimos comentários, encontrar o significado oculto de um olhar, buscar a intenção secreta de um roçar de ombros, descobrir a entonação exata de uma risada. Nós, mulheres, somos particularmente ansiosas na busca dos sinais. Não me livro disso.

E quando a desejada relação, em que tanta energia se investiu, se desfaz em meias palavras ou palavra nenhuma, é também típico das mulheres encostar os machos contra a parede – com diferentes níveis de delicadeza – esperando espremer deles as palavras que as libertarão das suas esperanças vãs. Se as palavras não vêm, elas insistem de todas as formas, até que seu orgulho as faça recolher-se novamente.

O que talvez as mulheres ainda não tenham aprendido é que o silêncio fala tanto quanto as palavras, ou, inversamente, as palavras são tão polissêmicas quanto o silêncio. As palavras, as meias palavras, as palavras mudas, todas elas falam o mesmo: da impossibilidade de partilhar experiências.

As palavras talvez criem a ilusão de que o amor que não vingou pôde, pelo menos, existir no espaço comum do entendimento. “Se ao menos pudéssemos falar sobre o que aconteceu!”. Acontece que o que aconteceu para um não aconteceu para o outro, e isso não é algo que possa ser explicado em palavras. Pode, simplesmente, ser vivido em silêncio.

O silêncio polissêmico pode conter condicionais: “Se eu tivesse te conhecido em outro momento...”. Ou adversativas: “Você é legal, mas já tenho outra pessoa”. Às vezes, alternativas: “Ou eu fico sem você, ou me perderei de mim mesmo”. Aditivas: “Nem você, nem ninguém”. Concessivas: “Apesar de tudo, valeu a pena”.

Às vezes, no entanto, o silêncio pode ser tão unívoco quanto uma palavra chapada, bidimensional, afiada e precisa como uma faca. No silêncio, ouve-se apenas um sonoro e inequívoco NÃO.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Mulher Casada

Ela já começa avisando que não sabe se servirá como contraponto. E ainda comenta, possivelmente temendo uma resistência minha, que o nome pode ser mudado.

Respondo, de imediato, que não mude o nome! Eu não poderia me sentir mais lisonjeada... E acho que servirá de contraponto sim, mas não como a afirmação de que somos dois extremos opostos, e sim como confirmação de que, nas singularidades, nos encontramos. Família que escreve unida, unida permanecerá!

Não é à toa que eu sempre nos comparei a Arnold Schwartzenegger e Dany de Vitto. Tão diferentes, tão parecidas...

Mundo: conheçam minha irmã, a Mulher Casada!

domingo, 5 de julho de 2009

Nota mental aleatória em noite de domingo

Duas forças da natureza nunca deixam de me surpreender:

O poder restaurador de um dia de sol;

O poder destruidor de uma TPM.