Durante algum tempo ela floresceu. É verdade que os botões surgiam de forma intermitente e, ao lado da cravina rosa, suas pétalas brancas sempre pareciam mais tímidas. Mas o inverno chegou e foi embora, a primavera chegou e ela continuou de pé.
Um dia, sem aviso prévio, começou a morrer. A mulher mudou o vaso de lugar. “Talvez o sol direto não faça bem”, pensou. Não adiantou. Definhava. “Será que falta sol e as raízes estão mofando?”. Tentou regar mais, regar menos, podou as folhas mortas, mudou o vaso de lugar mais duas ou três vezes. Por fim, admitiu sua derrota.
Ao arrancar do vaso os últimos pedaços de raiz sem vida, algo a impediu de se desfazer dele. Deixou-o assim, vazio, sobre a mesinha da sala de estar. E, sem que ninguém soubesse, sorrateiramente passou a regar o vaso vazio todas as noites.
Não foi preciso muito tempo para os primeiros brotinhos verdes surgirem na superfície da terra. Havia ainda vida no vaso! Pequenas pontinhas que, a princípio, pareceram à mulher diminutos trevinhos da sorte. Seriam parasitas de cravinas? Predadores naturais de flores de apartamento? Mas o tempo se encarregou de provar que se tratava de legítimos ramos de cravinas – aqueles que nascem e crescem desordenados, marcados pela dureza da vida, formando bonitos arabescos no ar. De dia procuram o sol como pequenos muçulmanos em saudação a Meca; à noite, assumem formas arredondadas de cogumelos-anões.
A cravina voltou à vida. Nunca morreu, afinal. Precisava apenas do seu próprio tempo, de amor e de alguém que continuasse acreditando nela.
***
Ah, sim! Continuo falando de plantas. E recomendo a jardinagem como atividade regular e sistemática a todo aspirante a escritor.
Um dia, sem aviso prévio, começou a morrer. A mulher mudou o vaso de lugar. “Talvez o sol direto não faça bem”, pensou. Não adiantou. Definhava. “Será que falta sol e as raízes estão mofando?”. Tentou regar mais, regar menos, podou as folhas mortas, mudou o vaso de lugar mais duas ou três vezes. Por fim, admitiu sua derrota.
Ao arrancar do vaso os últimos pedaços de raiz sem vida, algo a impediu de se desfazer dele. Deixou-o assim, vazio, sobre a mesinha da sala de estar. E, sem que ninguém soubesse, sorrateiramente passou a regar o vaso vazio todas as noites.
Não foi preciso muito tempo para os primeiros brotinhos verdes surgirem na superfície da terra. Havia ainda vida no vaso! Pequenas pontinhas que, a princípio, pareceram à mulher diminutos trevinhos da sorte. Seriam parasitas de cravinas? Predadores naturais de flores de apartamento? Mas o tempo se encarregou de provar que se tratava de legítimos ramos de cravinas – aqueles que nascem e crescem desordenados, marcados pela dureza da vida, formando bonitos arabescos no ar. De dia procuram o sol como pequenos muçulmanos em saudação a Meca; à noite, assumem formas arredondadas de cogumelos-anões.
A cravina voltou à vida. Nunca morreu, afinal. Precisava apenas do seu próprio tempo, de amor e de alguém que continuasse acreditando nela.
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Ah, sim! Continuo falando de plantas. E recomendo a jardinagem como atividade regular e sistemática a todo aspirante a escritor.
4 comentários:
adorei.
vou pensar nisso da próxima vez pq definitivamente não levo jeito pra coisa... a semana passada mesmo botei fora dois vazinhos que me abandonaram mesmo após inúmeros esforços... snif.
Talvez eu esteja na fase das graminhas.
Lindo.
e se isso aconteceu contigo, q ótimo! prova q vc ñ é tão ruim assim com plantas!
beijo.
Eu já cultivei mais as plantas...
Elas são sempre um bálsamo para os olhos e a alma...
Lindo post
Linda parábola!!!
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