Se há algo a celebrar nos pequenos e grandes desvios é o poder que eles têm de colocar em relevo as miudezas que, outra feita, seriam invisíveis aos nossos olhos.
O metrô sempre tão cheio de poesia concreta. Lá os vi. De longe e de costas um único corpo. Vencidas distâncias, a figura ainda não encontrava equivalência nas categorias do meu conhecer. Seria uma mulher, amparada pelo companheiro, se locomovendo com o auxílio de um andador? Foi só no emparelhar que realmente os apreendi: os dois cegos, braços tão entrelaçados que eram um, as bengalas tateando o caminho em movimentos sincrônicos de pára-brisa, vup-vup, vup-vup, varrendo o chão, marcando o compasso. Ele, mais alto, protetoramente envolvendo as costas dela, mas sem hierarquia. O que lhes faltava de olhos sobrava de harmonia.
Não era eu a única a me admirar da cena. Havia quase uma suspensão coletiva dos pequenos aconteceres no olhar o casal. Se por um segundo suspeitávamos – a escada! O degrau! A coluna! – eles jamais se abalavam e nada perturbava a sua caminhada. As bengalas astutamente alertavam o porvir e seguiam, resolutas. Sem sobressaltos.
E o se dar conta de que tudo o que se poderia um-dia-pensar-dizer sobre o amor estava ali, condensado na singela, onze horas da manhã, meio da multidão.
O metrô sempre tão cheio de poesia concreta. Lá os vi. De longe e de costas um único corpo. Vencidas distâncias, a figura ainda não encontrava equivalência nas categorias do meu conhecer. Seria uma mulher, amparada pelo companheiro, se locomovendo com o auxílio de um andador? Foi só no emparelhar que realmente os apreendi: os dois cegos, braços tão entrelaçados que eram um, as bengalas tateando o caminho em movimentos sincrônicos de pára-brisa, vup-vup, vup-vup, varrendo o chão, marcando o compasso. Ele, mais alto, protetoramente envolvendo as costas dela, mas sem hierarquia. O que lhes faltava de olhos sobrava de harmonia.
Não era eu a única a me admirar da cena. Havia quase uma suspensão coletiva dos pequenos aconteceres no olhar o casal. Se por um segundo suspeitávamos – a escada! O degrau! A coluna! – eles jamais se abalavam e nada perturbava a sua caminhada. As bengalas astutamente alertavam o porvir e seguiam, resolutas. Sem sobressaltos.
E o se dar conta de que tudo o que se poderia um-dia-pensar-dizer sobre o amor estava ali, condensado na singela, onze horas da manhã, meio da multidão.
10 comentários:
Snif.
Caiu uma lágrima.
Quando eu for velhinha e se ficar cega, ai mesmo que jamais terei alguém assim.
Que lindo.
Adoro amores que dão certo.
beijo
Re
que lindo, maninha...
tou com saudades
beijos, mana
Me arrepiei toda. É texto pra ler e reler. Inspirado, escolhido, escrito com a emoção. Gostei muito muito. Beijos.
Ok....
sobre o email! Primeiro nós depois os outros... kkkkk
beijos
Re cupida
Ai que lindo....
Lindo! De arrepiar!
é realmente admirável...
eu já os vi andando em trio, nesse mesmo metro
bjs
Belissimo ... voce esta parecida com a sua mana na foto.
Bisous
Cadê você???? Beijos ensaudadados. rs.
Linda postagem...
Um ode ao amor!!!
E dizem, com razão, que o amor é cego!!! Rsrsrsrs
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