quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Novas lições introdutórias sobre a jardinagem literária

Caro leitor,

Posso imaginar, a esta altura, a sua (mais do que justificada) saturação de posts versando sobre a regular e sistemática – embora absolutamente involuntária – jagunçagem de plantas protagonizada por esta que aqui escreve, assim como as inesgotáveis metáforas decorrentes desta contumaz incompetência vegetal: a crônica da violetinha suicida, a lenda da cebola que germinou na gaveta do refrigerador e sobreviveu ao plantio invertido, o hai kai do cacto falecido, a fábula da cravina endurecida pela vida, a parábola da cravina renascente. No entanto, em nome da sinceridade herbal, é mister que eu cá faça uma retratação pública e retifique informações inverídicas divulgadas neste sítio virtual.

Por ocasião de recente e ilustre visita da Mãe Sereia ao recinto de minha residência, orgulhosamente exibi a ela meu vistoso vaso sobre a mesa de centro da sala:
- Mãe, viu a minha planta que ressuscitou?
- Qual, esta Azedinha?
- Ahhhnmmfff – resmunguei, em um muxoxo (então não era mesmo uma cravina? Bem que eu desconfiei que as folhas eram redondas demais... Maldita Poliana!) – é esse o nome dela, é?
- Sim... Mas e então, você replantou a cravina neste outro vaso?
- Não, mãe, esta outra cravina já existia. Lembra-se de que eram duas, uma rosa e a outra branca? A branca morreu, tirei os restos mortais do vaso e... nasceu essa Azedinha aí.
- Sei (cara de quem já viu de tudo nessa vida). Natural, minha filha... a vida é uma eterna luta pela sobrevivência. Provavelmente a Azedinha veio de gaiato no vaso e acabou parasitando a cravina. Isso acontece o tempo todo na natureza.
- Sim, claro, naturalmente...
Hoje voltando para casa, já havendo me despido do véu de ignorância que cobria meus olhos, constatei o óbvio: a Azedinha é a planta mais ordinária que existe, daquelas que dão – com o perdão do trocadilho – em qualquer moita. Ainda assim, caro leitor, seguirei envidando esforços em prol da sobrevivência de mais este legítimo representante da natureza e das figuras de jardinagem.
Aos aspirantes a escritor (dentre os quais humildemente me incluo), a vida – e as plantas – ensinam mais uma: nem sempre a verdadeira lição é aquela que se julgou haver aprendido.

3 comentários:

Sarah disse...

estas metáforas, adoro metáforas!
parabens por escrever tão bem. Eu espero ter aprendido a lição de verdasde e nao perceber q depois ela nao era oq eu esperava dela. Basta de dor desnecessaria, eu realmente já sofri o bastante, 2009vai ser foco profissional e nao sentimental. Bjao e adoro suas visitas!

Amarilis disse...

Oi querida, adorei mais esse texto seu. Divertido demais! Beijão.

Anônimo disse...

crazy????