terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Acerto de contas

Em 2008, uma coisa maravilhosa aconteceu: descobri o que eu quero ser quando crescer. O melhor de tudo é que eu já cresci e já sou o que eu quero ser. Não é fantástico?

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2008 também foi o ano da maior conquista amorosa da minha vida. Ela tem 1,79m, olhos azuis, cabelos claros e é dada a infinitos (e irritantes) questionamentos existenciais, mas também tem senso de humor e sabe se divertir como ninguém. Não descarto a possibilidade de ter outros relacionamentos paralelos, mas com certeza essa aí eu não largo mais.

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Sabem qual é a diferença entre ousadia e atrevimento? Segundo me disseram uma vez, quando você arrisca alguma coisa, isso significa ser ousado. Se não tem nada a perder, não passa de um atrevido. Agora, será que é possível não ter nada a perder? E, por outro lado, não há sempre algo a se ganhar? Pelo sim, pelo não, entre ousada ou atrevida prefiro me considerar, nas palavras de uma amiga querida, uma intrépida.

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Resolvi comprar um vestido vermelho para que o ano novo não tivesse dúvidas sobre o que eu espero dele. Ao chegar ao provador, triste constatação: o vestido era curto demais. Oh, God... São os meus 30 anos me esperando logo ali, depois da esquina...
Espero que o ano novo saiba ler nas entrelinhas do meu novo vestido branco e azul.

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No final de 2007 eu tinha mais ilusões. No final de 2008, descubro que a lucidez da vida também dá barato. Feliz 2009!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Tradições natalinas


Eu acredito no Natal. Para mim, ele nunca deixou de ter a magia e a felicidade simples da minha infância. Não é preciso muita coisa: família reunida, comida farta, música, presentes escolhidos com amor. Pensando bem, é um bocado de coisas!
Um dos rituais que mais aqueciam o meu coração naquele tempo era montar a árvore. Tirar um por um os enfeites da caixa; distribuí-los simetricamente ao longo dos ramos, deixando os especiais para o topo; enrolar as luzinhas brancas e coloridas e acendê-las sempre que uma visita chegava em casa; salpicar pedacinhos de algodão, nosso simulacro de neve possível no Natal dos trópicos. Também havia os enfeites de porta, o presépio, as velas coloridas dentro da tigela com água. A casa inteira se transformava!
Nos tempos da minha bisa, Natal tinha até Papai Noel. Salvo engano, ele era um lutador de boxe aposentado. Convencia bem, até. Eu não me lembro de acreditar em Papai Noel, mas me lembro de achar bacana ter aquele senhor barbudo no meio da sala, distribuindo presentes para os bisnetos que aumentavam a cada ano.
Minha tia, o coração artístico da família, sempre inventava alguma performance. Aliás, reza a lenda que em um dos meus primeiros natais, escalada para representar Maria no nascimento de Jesus, chorei copiosamente... (acho eu que me senti meio esquisita por já ter um filho e ser esposa do meu primo de terceiro grau, que representava José – eu ainda tinha tanto para viver!). Também fizemos jogral, paródia, números humorísticos...
Música nunca faltou. E sempre ficou por conta da minha tia também a escolha do repertório – cuidadosamente registrado em um programa a ser distribuído para a família. Mas depois das canções do programa, sempre pedíamos para ela tocar todas as cações natalinas de que nos lembrávamos; e depois delas, era de praxe pedir pelo menos um Beatles, só para não perder a tradição. E assim continua sendo, anos após ano.
Foi só recentemente que eu descobri que nem todas as famílias cantam no Natal. Contava para uma amiga sobre um telefonema inesperado que recebi bem na hora em que cantávamos “Pinheiros! Que alegria...” e ela, rindo, achou que se tratava de uma força de expressão. Não sossegou até me pôr ao telefone cantando a música para o seu marido, e tiveram os dois um interminável ataque de riso. Ora, azar de quem não canta; a cantoria é um dos pontos altíssimos do meu Natal.
Quando eu era criança, o Natal começava muito antes do dia 24, mais ou menos quando chegavam as férias escolares. Era o tempo de contar a mesada, dividir por cinco (lá em casa éramos seis) e começar a planejar as compras natalinas. Quando ainda havia Mappin, era lá que eu resolvia a maior parte do problema. Depois, ainda nos meus tempos de João Cachoeira, eram três ou quatro excursões até que eu me sentisse satisfeita com os presentes adquiridos. Hoje em dia o remédio é me enfiar no shopping lotado na véspera do Natal... Mas, ainda assim, acredito no Natal.
Outra tradição familiar, perpetuada pela minha avó e depois por mim e pelas primas, são as bolachinhas de milão, receita tradicional de biscoitinhos amanteigados que também são a cara do nosso Natal. Todo ano a avó faz um quilo de bolachinhas e jura que foi a última vez...
Lá pelos tempos do segundo colegial, querendo juntar dinheiro com uma amiga, resolvemos transformar as bolachinhas em um empreendimento comercial. Tudo bem que os ingredientes, equipamentos e instalações eram fornecidos pelos meus pais – que, junto com os pais dela, eram nossos principais compradores. Chegamos a tentar vender os biscoitinhos na rua, mas eles não tinham muito apelo. Em compensação, resolveram o problema em dois ou três amigos secretos do trabalho dos nossos pais (jeito simpático de presentear a todos sem gastar muito dinheiro). E houve uma encomenda história para um bazar – varamos a madrugada assando as bolachinhas, que quase se perderam por causa de um ovo de pata que desapercebidamente incluímos na massa – que nos rendeu a nossa maior receita! Mesmo não tendo vendido todos os biscoitos que deixamos em consignação, a família que organizou o bazar gostou tanto deles que comprou todos os saquinhos que haviam sobrado.
Nos natais seguintes, continuamos fazendo biscoitos, dessa vez para presentear amigos e familiares (mais os da minha amiga, porque minha avó continuou fornecendo as suas bolachas para a nossa família – e não tem jeito, as bolachas da minha avó têm um sabor inimitável). Tive a idéia de comprar um pote de vidro e dar os biscoitinhos de presente para a minha então sogra; foi um sucesso absoluto. Depois dela, mais três sogras receberam o pote com os famosos biscoitinhos de milão, que viajaram o país: foram para Piracicaba, São Gonçalo, Brasília, Governador Valadares e Coronel Fabriciano.
Em tempos de Mulher Solteira, as bolachinhas também já foram deixadas em portarias de musos inspiradores; afinal, há estratégia mais antiga do que tentar conquistar um homem pelo estômago?
Seja qual for o destino das bolachinhas, anualmente eu e minha amiga lá estamos, em volta da mesa, misturando os ingredientes, falando do passado, escolhendo as forminhas, dividindo angústias, raspando a casca de limão, cantando em portunhol, polvilhando a farinha, desfiando as últimas aventuras da solteira, acendendo o forno, fazendo o balancete da vida da casada, preparando a próxima fornada, revirando um amor esquecido, fazendo suco com os limões descascados, comentando sobre as viagens que faremos, colocando os biscoitos nos saquinhos, fazendo planos para o próximo ano, amarrando fitinhas, reafirmando laços.
Ah, eu acredito no Natal!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Trieb

“Despidos somos todos iguais”, ele disse.

Fui obrigada a discordar. Se assim fosse, não haveria teoria freudiana.

“Que teoria freudiana é essa?”, quis saber.

A resposta está há mais de um mês na minha pasta de rascunho. Começava dizendo que ele desafiava o meu poder de síntese pedindo que eu explicasse esses complexos conceitos psicanalíticos; explicava, em seguida, que para Freud a percepção de meninos e meninas sobre a distinção anatômica entre os sexos é o ponto de partida para o Complexo de Édipo e de Castração, para o interdito ao desejo, para a separação da mãe, para a constituição do sujeito, para a primeira escolha de objeto, para a identificação, para a segunda escolha de objeto...

Parece que em dois ou três parágrafos consegui resumir o que queria dizer. Mas aí já se tinham passado alguns dias desde que a pergunta havia sido feita – no próprio dia eu estava mais ocupada em responder a muitas outras perguntas mais prementes e necessárias – e pareceu perder o sentido enviar a resposta.

Mesmo com a perda do timing, guardei-a lá, na pasta de rascunho.

Se alguém me perguntasse hoje, eu diria, sem sombra de dúvida: no fim das contas, é a distinção anatômica entre os sexos o que move o mundo.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Lei de mercado

– Quem? Ah, aquele meu amigo alto, loiro, simpático, interessante e SOLTEIRO? Então, não te apresentei ainda porque achei que ele não fazia o seu tipo...

RÉLÔU, DESDE QUANDO MULHER SOLTEIRA TEM TIPO, DIO MIO???

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Sempre alerta


Já dizia o profeta: nunca coloque todos os ovos em um só
homem.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Simples

Fim de ano?

Dia de sol?

Sonho bom?

Desses dias em que a gente simplesmente se sente feliz por estar vivo, sem nenhuma razão em particular.

Geografia humana

Uma ilha é...
... uma mulher solteira
cercada de homens casados
por todos os lados.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Dog date

- Oi!
- Olá!
- ...
- Ele é bonzinho?
- É, sim, pode ficar tranqüila.
- Que bom...
- É shi-tzu ou lhasa?
- Shi-tzu.
- Ah...
- O seu é um whipet?
- Isso.
- Aham...
- Como é o nome delas?
- Esta aqui é a Mimi e a outra é a Lola.
- Sei.
- E o seu?
- Flash.
- Flash...
- ...
- ...
- Bom, até logo!
- Boa tarde, até a próxima!

(Sempre me pergunto quando os diálogos com homens-interessantes-passeando-com-seus-cachorros vão passar para a próxima fase.)