Mudança de apartamento, uma novela que nunca termina. Domingo, final de tarde, traslado das roupas do bloco B para o bloco A. A mãe sereia já havia dado uma boa ajuda no dia anterior, carregando cabides e mais cabides pendurados em cabos de rodo e vassoura, mas vejam bem, a mãe sereia já é uma sessentona. Não dá mais para abusar.
A operação de guerra acontece a apenas duas mãos: junta caixa, abre elevador, põe caixa, fecha elevador, desce, abre elevador, atravessa do bloco A pro bloco B, abre elevador, põe caixa, fecha elevador, sobe, abre elevador, abre porta, tira caixa, põe caixa, fecha elevador, fecha porta, abre armário, põe roupa na caixa, abre porta, abre elevador, põe caixa, fecha porta, fecha elevador, desce, abre elevador, tira caixa, atravessa do bloco B pro bloco A, abre elevador, põe caixa, fecha elevador, sobe, abre elevador, tira caixa, abre porta, põe caixa, solta porta do elevador, ufa, entra em casa. Tudo isso repetido quatro vezes, a ponto de, após algumas idas e vindas, não saber mais se está no bloco A ou no bloco B, se tem que apertar o 11º ou o 4º, se a caixa deveria estar cheia ou vazia.
Lá pelo fim da terceira viagem, após, portanto, a segunda repetição de toda a tramitação supracitada, fecho a porta para descansar por alguns segundos. Toca o interfone na casa nova. Ih, deve ser a síndica reclamando que eu estou fazendo mudança em pleno domingo à noite. A síndica é gente boníssima, mas é linha dura. Atendo com a minha melhor voz:
- Alooou???
- Alô, Dona Mulher Solteira? É o Clayton.
- Oooi, Clayton, tudo beem?
- Tudo, obrigado. Viu... o cachorro da senhora desceu...
Três segundos de pausa. Radar materno procura focinhos, chucas e patinhas em volta e conta: um focinho, uma chuca e quatro patinhas. Temos um fugitivo.
- Meu Deus! Mas onde ela está?
- Ah, ela tá no elevador...
Abro a porta do apartamento em clima de resgate. Chamo os dois elevadores ao mesmo tempo – dane-se a política de economia energética. O primeiro a chegar é o social, cheio de gente, abro a porta esbaforida, peço desculpas e fecho novamente.
No segundo elevador encontra-se a fugitiva, com uma expressão corpo-facial que eu definiria entre “onde estou? Quem sou eu? Qual o sentido da vida?” e “xi, acho que fiz merda”. Sorte dela que o ataque de riso foi tão grande que a bronca ficou para outro dia.
A operação de guerra acontece a apenas duas mãos: junta caixa, abre elevador, põe caixa, fecha elevador, desce, abre elevador, atravessa do bloco A pro bloco B, abre elevador, põe caixa, fecha elevador, sobe, abre elevador, abre porta, tira caixa, põe caixa, fecha elevador, fecha porta, abre armário, põe roupa na caixa, abre porta, abre elevador, põe caixa, fecha porta, fecha elevador, desce, abre elevador, tira caixa, atravessa do bloco B pro bloco A, abre elevador, põe caixa, fecha elevador, sobe, abre elevador, tira caixa, abre porta, põe caixa, solta porta do elevador, ufa, entra em casa. Tudo isso repetido quatro vezes, a ponto de, após algumas idas e vindas, não saber mais se está no bloco A ou no bloco B, se tem que apertar o 11º ou o 4º, se a caixa deveria estar cheia ou vazia.
Lá pelo fim da terceira viagem, após, portanto, a segunda repetição de toda a tramitação supracitada, fecho a porta para descansar por alguns segundos. Toca o interfone na casa nova. Ih, deve ser a síndica reclamando que eu estou fazendo mudança em pleno domingo à noite. A síndica é gente boníssima, mas é linha dura. Atendo com a minha melhor voz:
- Alooou???
- Alô, Dona Mulher Solteira? É o Clayton.
- Oooi, Clayton, tudo beem?
- Tudo, obrigado. Viu... o cachorro da senhora desceu...
Três segundos de pausa. Radar materno procura focinhos, chucas e patinhas em volta e conta: um focinho, uma chuca e quatro patinhas. Temos um fugitivo.
- Meu Deus! Mas onde ela está?
- Ah, ela tá no elevador...
Abro a porta do apartamento em clima de resgate. Chamo os dois elevadores ao mesmo tempo – dane-se a política de economia energética. O primeiro a chegar é o social, cheio de gente, abro a porta esbaforida, peço desculpas e fecho novamente.
No segundo elevador encontra-se a fugitiva, com uma expressão corpo-facial que eu definiria entre “onde estou? Quem sou eu? Qual o sentido da vida?” e “xi, acho que fiz merda”. Sorte dela que o ataque de riso foi tão grande que a bronca ficou para outro dia.
12 comentários:
e é nessas horas q eu me permito gritar: EU AAAAMO CACHORRO!!!
e não dá pra ficar brava c uma criatura tão inocente.
beijo. boa sorte em tudo aí!
Gente, já pensou se a Frô resolve fazer isso??? Eu ia viver momentos de pânico total... ainda mais ela, amiga de todo mundo, pra sair e fazer um social só precisa de meio convite!
Passamos o feriado na praia. Cê acredita?, a gente na barraca e a Flor olhando do portão, com aquela carinha triste. Resolvi levar ela pra praia. Ficou linda, quase comportada. Até que saiu correndo e se jogou na canga do casal ao lado, virou de barriga pra cima e ficou lá fazendo festa. Quase morri de vergonha, ela passou o resto do tempo no colo. Sorte que o casal gostava de cachorro... Muito dada, essa cã!
hahahahahahh
Tadinha....
outro dia meu porteiro ligou pra mim para dizer que tinha um pretinho na portaria.... respondi: - tenho tanto cachorro que um some e nem sinto falta... e lá estava o Zé.... correndo feliz na portaria e mostrando os dentes para o porteiro.... esses caninos.... sabem nos divertir até no dia da mudança..... bjs e boa sorte na casa nova!!!!
O meu cachorro foi treinado como um verdadeiro Mariner, eu abro a porta do meu apartamento, e ele só espera a ordem de ir incomodar o vizinho.
Se não autorizo, ele fica sentado; se autorizo, ele sobe que nem um foguete e fica latindo na porta do coitado...
Fico pensando em minha futura mudança...tenho tanta coisas (sapatos...na verdade)
Fico pensando em minha futura mudança...tenho tanta coisas (sapatos...na verdade)
Na minha futura mudança não vai ter lugar para cachorros... acho!
Drika: EU TAMBÉÉÉÉÉM!!!
A gente só fica brava porque se preocupa, né? Elas são muito danadinhas.
MH: a Lola (no caso, a fugitiva) é assim também. Você fala "A" e ela já virou o barrigão pra cima e abanou o rabo...
MH2: Caramba, que coragem levar a bichinha pra praia! Não sei se é porque eu tenho duas, mas viajar com elas é sempre altamente estressante.
Renata: obrigada, a casa nova tá jóia! Olha, pior do que a Lola fugir pelo elevador foi o dia que o meu vizinho e a minha faxineira soltaram as duas sem coleira no prédio, alguém abriu o portão e elas foram PRA RUA! Sórte que eu só fiquei sabendo disso depois que elas já estavam em casa, sãs e salvas.
Urbe: que inveja, hein? Eu também estou tentando colocar as minhas na linha, inclusive porque já tive problemas com o vizinho novo de porta... ai ai...
Isabele: eu fiz um belo feng shui antes de mudar, viu? Valeu a pena. Passa um pouco de sapato pra frente, você vai se sentir mais leve.
Fabiana: que pena... eles são companheirinhos supimpas!
Crisonilda!
Voltei! De aliança em punho, com uma bagunça do tamanho do mundo na sala e tentando assimilar a minha vida de mulher-casada.
Cá estou, tentando trabalhar e num daqueles momentos em que precisamos arejar, resolvo dar uma passadinha no seu blog. O que encontro: mil textinhos novos para deleite das nações... Acabei atrasando toda pesquisa sobre Dom Pedro II (sim amiga fanta, seu Roberto tbm é cultura...)
A casa, um caos. A rotina, inexistente. Mas... nos vemos esse dias? Beijos grandes!
PS.: Acredita que esqueci a senha do meu blog?????
Xuxu!!!!
Caí no seu blog por acaso, tentando assasinar o meu ex-blog (sim, morto, por enquanto) "mulher solteira: será que ainda procura?"
Daí, o seu en-canto de sereia me seduziu... adorei! Li tudo e não fiz meu dever de casa...
Mas valeu a pena, foi uma alegria quentinha no meu final de noite.
Sou bem-vinda pra xeretar aqui outras vezes?
Amiga Fanta,
esqueceu a senha do blog? Hum... Freud explica!!! :)
Malu!
Você é a mulher solteira original? Tá vendo, eu achei que estava inventando a roda e você já tinha pensado nisso três anos antes. O jeito foi improvisar com um hífen e tocar o barco... :)
É claro que você é bem-vinda outras vezes, é xeretar é serventia da casa!
Beijos!
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