Após longo e tenebroso inverno, finalmente começo a retomar o ritmo das caminhadas com as cachorras pelo bairro.
Feriadão, visita marcada pra Comadre (alô, Comadre!), calor de rachar, voltinha rápida no quarteirão só para deixar as periquitas respirarem um pouquinho de ar fresco (ou morno).
Na saída do prédio, Lola puxando a caravana, Mimi cheirando cada cantinho da calçada, um par de olhos azuis cintilantes, desses que te fazem se sentir lambida, baixa o vidro do carro para pedir informação:
- Olá... você sabe me dizer onde fica a Rua Tal?
Pane no sistema. A minha ausência de bússola interna é pública e notória. Já faz anos que parei de dar informação na rua, pelo bem da Humanidade. Mas esses olhos, meu Deus, que olhos são esses... Sem me dar muita conta do que estou fazendo, balbucio algumas frases desconexas:
- Olha, a Rua Tal... é pra lá. Lá pra trás. Você tem que voltar pra lá, pegar por exemplo a Rua X, onde acaba essa... e depois ir mais pra lá... Eu sei que é pra lá...
Os olhos agradecem, tento reconjuntar o corpo e a comitiva para prosseguir o passeio, rosto quente, mãos suadas. Mas os olhos azuis voltam à carga, dessa vez acompanhados de um sorriso de derreter neve:
- Eu consigo voltar por aqui?
E a boca responde, automaticamente:
- Consegue, consegue sim... é só dar a volta no quarteirão.
Não preciso de mais de um minuto para me dar conta de que não dá para voltar pelo caminho que indiquei. Duas ou três quadras para cima a rua fica contramão. Aliás, a Rua Tal era para o lado de lá mesmo? Gelo. Acho que indiquei a direção oposta.
Ainda bem que provavelmente nunca mais vou vê-lo, penso eu, envergonhada do meu desserviço.
É. Provavelmente nunca mais vou vê-lo.
Feriadão, visita marcada pra Comadre (alô, Comadre!), calor de rachar, voltinha rápida no quarteirão só para deixar as periquitas respirarem um pouquinho de ar fresco (ou morno).
Na saída do prédio, Lola puxando a caravana, Mimi cheirando cada cantinho da calçada, um par de olhos azuis cintilantes, desses que te fazem se sentir lambida, baixa o vidro do carro para pedir informação:
- Olá... você sabe me dizer onde fica a Rua Tal?
Pane no sistema. A minha ausência de bússola interna é pública e notória. Já faz anos que parei de dar informação na rua, pelo bem da Humanidade. Mas esses olhos, meu Deus, que olhos são esses... Sem me dar muita conta do que estou fazendo, balbucio algumas frases desconexas:
- Olha, a Rua Tal... é pra lá. Lá pra trás. Você tem que voltar pra lá, pegar por exemplo a Rua X, onde acaba essa... e depois ir mais pra lá... Eu sei que é pra lá...
Os olhos agradecem, tento reconjuntar o corpo e a comitiva para prosseguir o passeio, rosto quente, mãos suadas. Mas os olhos azuis voltam à carga, dessa vez acompanhados de um sorriso de derreter neve:
- Eu consigo voltar por aqui?
E a boca responde, automaticamente:
- Consegue, consegue sim... é só dar a volta no quarteirão.
Não preciso de mais de um minuto para me dar conta de que não dá para voltar pelo caminho que indiquei. Duas ou três quadras para cima a rua fica contramão. Aliás, a Rua Tal era para o lado de lá mesmo? Gelo. Acho que indiquei a direção oposta.
Ainda bem que provavelmente nunca mais vou vê-lo, penso eu, envergonhada do meu desserviço.
É. Provavelmente nunca mais vou vê-lo.
4 comentários:
Comadre na escuta, câmbio!
Bjs
Hahahhahaha
se vc já é desnorteada, imagino o efeito devastador dos olhos do moço... tiraram seu rumo, e vc por sua vez deixou ele sem rumo. Pena que literalmente...
ah, não... ele bem que podia ter voltado pra te dar uma bronca por ter ensinado o caminho errado, né, Manelson? :-P
beijão!!
Mana.
Comadre: tomou, papuda? :P
MH: exatamente... nunca foi tão difícil encontrar o norte!!!
Manélson: é, bem que podia... mas aí isso seria um episódio de Sex and the City, e não a vida real, né? :)))
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