quarta-feira, 26 de março de 2008

Um corpo que cai

Caí. De maduro.

Jovem, saudável, inteligente, descolada, independente, articulada. (Acima de tudo, modesta.)

Mesmo assim, caí. De quatro. De boca. De sola. Como diriam os cariocas: me ishhhtabaquei no chão. E ishhhhcangalhei os joelhos.

Tombo daqueles de se olhar em volta para avaliar o tamanho do vexame. De sentir pena de si mesma pela sua fragilidade, vulnerabilidade e insignificância. Aqueles tombos que machucam principalmente a moral.

Não me lembro se no momento do tombo me ocorria algum pensamento de grandiosidade, mas o contraste foi grande: em um segundo eu era a dona da rua, a musa de Perdizes, a cidadã do mundo, a senhora do meu nariz; no segundo seguinte, beijava o chão, calças rasgadas no joelho, mãos esfoladas.

Nem sabe se quer que alguém ajude ou se prefere que todo mundo finja que não viu. Dói cair e dói saber que o mundo continua girando apesar do seu tombo. Se não há platéia, o negócio é engolir o choro e continuar a caminhada. Ver a dor diminuir aos poucos, com o caminho.

Não tem jeito. Cair, todo mundo cai. A questão é como se levanta.

9 comentários:

Anônimo disse...

Legal encontrar seu post quentinho! Lendo vc me lembrei de uma vez que caí na escada na saída do prédio do Finasa, na Rua Líbero Badaró. Eu trabalhava em Sampa e voltava semanalmente pra Campinas, com uma mochila nas costas que pesava uns 30 quilos. Eu de salto e mochila nas costas... todo mundo viu a minha queda. Ainda tentaram me dar a mão, mas eu estava completamente atordoada. Saí de férias justamente naquele dia. Viajei pra longe, me diverti e voltei pra Sampa ainda com hematomas, mas com a vida definitivamente enganchada à de outra pessoa. Será que é um sinal que de dentro da terra??? kkkk Continuo sua fã. Beijão.

Anônimo disse...

Eu já me ishhhtabaquei em frente ao Fórum, horário de pico. Caí do salto, literalmente. E ainda tava de tailler.

Estava com duas pessoas que trabalhavam comigo. Uma teve um ataque de riso e ficou imóvel. A outra, em menos de um segundo, me deu a mão e me ergueu com uma força descomunal, sem esboçar um sorriso ou dizer algo.

Uma delas tornou-se minha melhor amiga. Acho que nem preciso dizer qual é :)

Espero que esteja bem!

Renatinha disse...

hahaha a gente se sente tão patética!
Outro dia cai e rasguei minha calça novinha..... mas foi minha pequena vira-lata que se apaixonou pelo labrador embaixo da ladeira.... e resolveu me levar para conhece-lo melhor....
O mais importante em cada tombo, é rir de si mesma e levantar a cabeça.... rsrsrsr
beijos
Re

Anônimo disse...

Manelson,
minha tendência quando eu caio é ficar com raivinha se alguém faz uma cara de peninha. E indignação se ninguém faz nada. A gente nunca tá contente.. rs
Mas uma coisa desconcertante mesmo é ver alguém caindo. Porque a gente não sabe o que fazer. E, no meu caso, tem um agrvante. Eu tenho um senso de humor meio pastelão e quase sempre preciso segurar o riso...
People are strange, né?
beijocas, mana

Anônimo disse...

A primeira vez que me estabaquei e tive consciencia desse estabaco, tinha 13 anos. Eu usava uma calça jeans e estava fugindo da chuva e indo para o colégio. Era minha única calça jeans e tive que andar com aquele furo no joelho durante um bom tempo até que minha mãe remendasse a calça.
Hoje, com exceção de idosos e crianças, normalmente eu esboço um riso e vou lá ajudar! Já levei muito tombo pela vida e já rasguei outras calças jeans.
....... Acontece !!!

Anônimo disse...

exatamente! importante é como se levanta. eu caio toda hora. tô muito madura! hhehehe

ah, mas preciso te corrigir! nós falamos com x. ixxxtabaquei.
beijos.

MH disse...

Quando caio na frente de amigos, sou a primeira a dar risada. Porque é patético, mesmo, melhor rir que chorar. O duro de cair sozinha é que, se começar a rir, ainda por cima passa por doida...

Mas o duro é isso: eu caio, porque sou estabanada e meu pé vira com frequencia. Minha mãe cai, porque tem pé pequeno, que também vira com frequencia. Agora, nas raras vezes que minha avó cai, é porque é velha? Ela tem até vergonha de contar, porque sabe que é isso que as pessoas acham. Sem pensar que tombos, aqui, são de família!

neli araujo disse...

Ai, Cris...nem sei o que falar...fiquei com uma peninha...sorry!

Mulher Solteira disse...

Amarilis querida,
que bom que do tombo saiu alguma coisa boa! Não sei se dá para fazer uma associação desse tipo, mas é importante saber que acontece com todo mundo, né?
Beijão, sou sua fã também.

Carol,
e eu que nem sabia que você tinha melhor amiga, hein? Humpf... ciuminho... :) Mas essa aí mandou bem mesmo, merece o posto.

Rê,
que danada a mocinha, hein? Hahahahaha! Pelo menos esse tombo foi por uma boa causa...
Rir de si mesmo exige um certo despredimento, mas a gente no mínimo tem que exercitar a não-auto-piedade... Beijoca!

Manélson,
acho que foi por isso mesmo que resolvi escrever esse post... como é difícil saber como se comportar ao cair ou presenciar um tombo, não? E o pior é que acontece com todo mundo!
Mas não acho que o riso seja só decorrência de humor pastelão... o titio Freud já falou algo sobre isso, quando eu estiver mais espertinha desenvolvo o tópico!

Beth, bom jeito de sintetizar o assunto: acontece! Que bom que os seus estabacos na vida te deram essa serenidade para estender a mão a alguém que está passando por isso... :)

Drika, sabe que testei com um "x" e achei que ficou meio esquisito? Hahahahaahah... vamos fingir que eu escrevi com o alfabeto fonético, vai...

MH,
eu também sou do tipo que cai muito... ou dou aquelas torcidas de pé do nada. Realmente, cair todo mundo cai, mas quando é alguém mais velho a gente fica de coração partido, não? Minha vó outro dia caiu do ônibus e fraturou o braço... que peninha, gente!

Tia, obrigada pela solidariedade, mas não foi nada sério, viu? É como eu disse no post, dói mais na auto-estima do que no corpo, hehehehehehe... ;)