terça-feira, 14 de agosto de 2007

Pequena epifania em uma segunda-feira qualquer

Basta de comer no escritório. Falta luz do dia, sol, pessoas, movimento. Faltam folhas, suco de laranja, comidinha do Di Nóca. Caminho devagar, não tenho pressa, há tempo para tudo. Não há de ser nada, o pé agüenta (já agüentou até agora).

Na volta do almoço, meus olhos dobram a esquina e se encontram com os de um moço, já a uns três metros de distância (de proximidade). São três segundos de olhar sustentado com coragem, não sei se ele é bonito ou feio, sei que os olhos grudam em mim e também não consigo desgrudar deles, até não ter como continuar olhando sem virar o pescoço e então sigo andando e mirando logo adiante na calçada.

Que coisa. Dei pra fazer isso de vez em quando, olhar profundamente, insistentemente, até o rosto corar e as orelhas esquentarem e a vergonha ser mais forte do que a curiosidade e o frisson.

E muitos olham de volta (outros desviam no ato). E sempre fico me perguntando até onde agüentaria sustentar o olhar e se alguma história poderia nascer disso (oi! Não pude deixar de reparar nos seus olhos...).

Venci já uns bons metros e quase um minuto se passou. Me pergunto: será que ele virou para trás para me olhar novamente? Me sentindo a uma distância segura, ainda caminhando, viro o pescoço para trás, apenas o tempo suficiente para perceber que o moço está novamente a três metros de distância, caminhando logo atrás de mim.

Volto o rosto para a frente com o coração aos pulos. Ele voltou! Está me seguindo! Será que vai ter coragem de falar comigo? Pensei que essas coisas só acontecessem em novelas...

Ando mais alguns passos com a respiração ofegante. Talvez ele simplesmente me siga mais um pouco para tentar descobrir onde vou, quem sou, se trabalho aqui perto.

No farol, aproveito a deixa para olhar para trás, casualmente.

Ele sumiu.

Talvez tenha simplesmente se dado conta de que esqueceu alguma coisa, resolveu fazer um caminho diferente ou mudou de idéia quanto ao que estava para fazer.

Eu e você jamais saberemos, porém.

8 comentários:

Anônimo disse...

Era eu!!! É que reconheci você por sua foto no blog e como tenho um fraco por mulheres cinzas ;-) , resolvi me apresentar.

Mas lembrei que você ficou achando que apronto muito... e desisti! Quem sabe outro dia...

Homem-solteiro-por-culpa-própria
(por-culpa-própria = solteiro mas sem botar a culpa ninguém, mais por falta de esforço do que por ter aprontado muito)

Gastón disse...

Vixe, a última vez que eu aprontei dessas acabei namorando.

fabiana disse...

Ô gente, mas eu já estava me sentindo em um filme de comédia romântica! Quem sabe você não o encontra casualmente por aí...

beijocas

MH disse...

um olhar firme é quase sempre um bom começo...

urbenauta disse...

Nós nos vemos pelo olhar dos outros. E acho que o moço aparece de novo (pode ser que ele se esconda atrás do espelho).

Anônimo disse...

Homem Solteiro,

puxa... nunca ninguém me chamou de mulher cinza...:) Fico lisonjeada!

Da próxima vez se apresente, então.

E realmente, homem pra ficar solteiro, só por culpa própria mesmo...;)

Gastón: e eu não sei? Lembrei de você na hora!!!

Fabiana: eu e a Meg Ryan, né? Hahahahahah... olha, nem sei se vou reconhecê-lo se o encontrar de novo. Tem certas coisas que são mais legais quando não se realizam!

MH: sabe que gosto dos tímidos? Bom... eu falei "tímidos", mas não múmia, né??? Pelamor.

Urbe: eu bem sei! Escrevi um roteiro de curta uma vez com esse argumento (se chamava "Por outros olhos"). Acho que eu não vejo de novo, não. Epifanias são assim mesmo!

Anônimo disse...

Maneeeeeeelsooooon!
finalmente parei aqui!!!!
Uma leitura diagonal, para em breve uma leitura com todo o amor e carinho!
amo vc.!

Anônimo disse...

MANÉÉÉÉÉÉÉOSAM!!!

Eu já tava achando que você não voltava mais... :)

Depois vem ler com calma, que o papo-calcinha tá rendendo por aqui!

Também tchia-mu!!!