Onde foi parar a paixão? Aquela dos olhos brilhantes, da boca seca e do coração acelerado? Será que ficou para trás, enterrada no passado junto com os nossos 18 anos?
Queria saber quando foi que nos tornamos todos tão comedidos, medrosos, arredios, secos, distantes, impenetráveis, indiferentes.
Será que as desilusões da vida nos embotaram? Será que perdemos a capacidade de simplesmente nos encantar com o outro? Será que perdemos a coragem de nos expor, de nos entregar?
Hoje todos os movimentos parecem meticulosamente calculados. Não há mais espontaneidade. Há sempre o cuidado para não assustar o outro, para não demonstrar demais. Ninguém se permite colocar em uma situação de vulnerabilidade.
Antigamente, a paixão nos dominava. Perdíamos a fome, o sono, não conseguíamos nos concentrar na escola, no trabalho. Éramos tomados de corpo inteiro, doentes, febris, como se fosse um caso de vida ou morte.
Dizíamos que a paixão era cega. A excitação crescia de forma mística, guiada pelas nossas fantasias. Entregávamo-nos às sensações: o leve arrepiar da pele ao toque, o frio-calor de bocas, línguas e salivas, o leve suor nas axilas, o rubor nas faces. Cheiro, gosto, toque, sussurro no pé do ouvido, olhos famintos.
Hoje andamos muito bem aparelhados com nossas lupas, buscando no outro as mais insignificantes imperfeições, cotejando-o com o nosso script, analisando os prós e os contras, apalpando e pondo de lado como uma fruta madura demais. Adiando eternamente o momento da verdadeira entrega, deixando-nos esmagar pelo tédio, pela falta de humor, pelo cinismo, pela monotonia.
Quando é que nos tornamos assim inatingíveis? Quando foi que penetrar a intimidade de alguém se tornou esse processo kafkaniano, repleto de pré-requisitos, guichês, carimbos, segundas-vias?
Pra onde foi o “tempo da delicadeza”? Sucumbiu ao “lirismo comedido, funcionário-público”? Onde estão as nossas “cartas de amor ridículas”?
Se isso é ser civilizado, saudável, bem-ajustado, sensato e ponderado, quero mais é voltar a ser selvagem.
Queria saber quando foi que nos tornamos todos tão comedidos, medrosos, arredios, secos, distantes, impenetráveis, indiferentes.
Será que as desilusões da vida nos embotaram? Será que perdemos a capacidade de simplesmente nos encantar com o outro? Será que perdemos a coragem de nos expor, de nos entregar?
Hoje todos os movimentos parecem meticulosamente calculados. Não há mais espontaneidade. Há sempre o cuidado para não assustar o outro, para não demonstrar demais. Ninguém se permite colocar em uma situação de vulnerabilidade.
Antigamente, a paixão nos dominava. Perdíamos a fome, o sono, não conseguíamos nos concentrar na escola, no trabalho. Éramos tomados de corpo inteiro, doentes, febris, como se fosse um caso de vida ou morte.
Dizíamos que a paixão era cega. A excitação crescia de forma mística, guiada pelas nossas fantasias. Entregávamo-nos às sensações: o leve arrepiar da pele ao toque, o frio-calor de bocas, línguas e salivas, o leve suor nas axilas, o rubor nas faces. Cheiro, gosto, toque, sussurro no pé do ouvido, olhos famintos.
Hoje andamos muito bem aparelhados com nossas lupas, buscando no outro as mais insignificantes imperfeições, cotejando-o com o nosso script, analisando os prós e os contras, apalpando e pondo de lado como uma fruta madura demais. Adiando eternamente o momento da verdadeira entrega, deixando-nos esmagar pelo tédio, pela falta de humor, pelo cinismo, pela monotonia.
Quando é que nos tornamos assim inatingíveis? Quando foi que penetrar a intimidade de alguém se tornou esse processo kafkaniano, repleto de pré-requisitos, guichês, carimbos, segundas-vias?
Pra onde foi o “tempo da delicadeza”? Sucumbiu ao “lirismo comedido, funcionário-público”? Onde estão as nossas “cartas de amor ridículas”?
Se isso é ser civilizado, saudável, bem-ajustado, sensato e ponderado, quero mais é voltar a ser selvagem.
3 comentários:
Ah, isso tudo ainda existe sim. Demora, mas aparece. Parece que a mulher solteira não quer ser mais solteira :)
Lindo...!!
Exuberante, MS!
Bom, já apareço por aqui há meses e adoroooo!!!!
Muito do que vc escreve, identifico-me em gênero e grau.
Tb prefiro a selvageria à monotonia, mas acredito tb que a rotina faça parte do relacionamento...e tudo é um ciclo.
Paixão, razão, trabalho, responsabilidades, entrega, loucura, pé no chão....
Sei lá...tenho mto a aprender ainda sobre este tema.
Beijos!
vivi
Julia M.,
jura que aparece? Não preciso desanimar?
Em tempo: a mulher solteira aqui não o é por escolha, mas por força das circunstâncias!
Oi Vivi!
Que legal saber que você já me acompanha há tanto tempo!
Mas um esclarecimento: eu adoooro a "rotina" dos relacionamentos. Reclamo da falta de paixão entre os solteiros mesmo! Parece que tá todo mundo escolhendo fruta na feira, torcendo o nariz por qualquer amassadinho...
Um beijão!
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