Há muito tempo tenho vontade de escrever alguma coisa a respeito da traição, mas minha volta à vida solteira provocou de tal forma um processo de suspensão de todas as minhas verdades que passei a achar que certas perguntas não merecem ser respondidas hipoteticamente. Há questões que só podem ser inteiramente avaliadas e ponderadas quando vividas. Então, falar sobre traição, em última instância, implica estar em uma relação.
Mas Manélson me mandou um e-mail que eu considerei tão desaforado (o desaforo não foi de Manélson, é claro, ela só estava partilhando o tal manifesto com as amigas) que achei que estava na hora de colocar a minha voz no mundo sobre o assunto. Meus pais sempre acharam que eu devia ter feito Direito (mais uma pulga atrás da minha orelha vocacional). Ô vontade de argumentar que não acaba nunca... Enfim, senti vontade de organizar alguns pensamentos dispersos sobre o tema e achei que o texto oferecia vários ganchos para isso.
O tal texto é supostamente assinado pelo Arnaldo Jabor, mas nem vou levar isso em consideração, primeiro porque a quantidade de textos que circula pela internet e cuja autoria declarada é absolutamente fajuta é espantosa; segundo porque não pretendo fazer dessa reflexão um ataque pessoal ao autor (suposto ou real) desse texto, até porque tenho certeza de que ele representa a opinião de muitos homens e mulheres sobre o assunto.
Pra começo de conversa, é bom dizer que o texto se propõe a “ajudar as mulheres a entenderem os homens e, enfim, pararem de tentar nos mudar com métodos ineficazes” (parece que já li isso em algum lugar...).
Esse poderia ser mesmo um serviço de utilidade pública, já que os homens reais que queremos entender dificilmente se dispõem a esclarecer as nossas eternas – e mais do que justificadas – dúvidas. Além disso, dizer que tentamos mudá-los com métodos ineficazes leva a entender que há métodos eficazes para tentar modificá-los. Seria um começo bem promissor.
Infelizmente, na seqüência, e, sem fazer uso de meias-palavras, o autor desce o porrete: “não existe homem fiel” e “isso se aplica a 99,9% dos homens baianos e brasileiros”. Em seguida, diz que “a traição do homem é hormonal, efêmera. [...] Não é como a da mulher. Mulher tem que admirar para trair; ter algum envolvimento”.
Péra lá, minha gente. Se a situação realmente fosse essa, eu perderia completamente a minha fé no sexo oposto. Não vamos tapar o Sol com a peneira: todos nós estamos sujeitos a trair e a ser traídos em algum momento da vida (e vocês estão ouvindo isso da boca de alguém que nunca traiu e, verdade seja dita, nunca teve vontade de trair). Daí a defender que essa afirmação hipotética, condicional é uma verdade absoluta, há uma enorme distância. Também pode ser que a traição tenha se tornado algo banal, generalizado. Mas não concordo em torná-la um atributo essencialmente masculino e nem em aplicá-lo indiscriminadamente a todo esse contingente populacional.
Outra coisa que não pode ser afirmada de modo algum é que a traição masculina é “hormonal, efêmera” e a da mulher requer “admiração e envolvimento”. Eu não disponho de tantos recursos estatísticos para afirmar a porcentagem de homens e mulheres que se encaixam em cada categoria, mas me parece óbvio que um homem pode primeiro admirar e depois trair e se envolver e uma mulher pode ceder a uma tentação carnal, efêmera sem qualquer envolvimento. Isso, para mim, é um machismo às avessas. Os homens ainda não estão convencidos de que as mulheres também sentem desejo sexual por outros homens e podem, sim, trair sem um bom motivo que não seja o puro tesão. Não é orgulho para ninguém, mas também não dá pra fingir que não aconteça.
A próxima afirmação que merece destaque é que “a traição tem seu lado positivo. Até digo, é um mal necessário. O cara que fica [...] sem trair é infeliz no casamento, seu desempenho sexual diminui [...], ele fica mal da cabeça. Entenda de uma vez por todas: homens e mulheres são diferentes. Se quiser alguém que pense como você, vire lésbica [...] ou case com um viado enrustido que precisa de uma mulher para se enquadrar no modelo social”.
Me parece óbvio que o autor do texto quis usar o humor para defender o seu ponto de vista, mas confesso que não me diverti nem um pouco com esse parágrafo. Mais uma vez, é verdade que há casais que conseguem viver bem em um esquema de relacionamento aberto e se beneficiar do fato de terem experiências sexuais com outros parceiros. É verdade, também, que outros casais que não têm esse tipo de pacto já conseguiram superar uma dolorosa experiência de traição e usá-la em favor do relacionamento, tornando-o mais autêntico, assumindo-se como pessoas imperfeitas, abrindo-se para a imprevisibilidade da vida. É verdade, ainda, que há casais em que um trai sistematicamente e o outro é traído e, uma vez que a traição não é descoberta, isso não afeta o casamento. Todas essas afirmações são verdadeiras. Daí a afirmar que o homem que não trai é infeliz no casamento e seu desempenho sexual diminui é o fim da picada... É tentar usar os fins (infundados) para justificar os meios (torpes). Se o homem é infeliz no casamento ou não se sente satisfeito com a sua parceira sexual tem mais é que se separar. E “entendam de uma vez por todas”: ninguém “vira lésbica”. E ninguém é lésbica porque quer ter ao seu lado “alguém que pense como você”. Supor que não exista traição em relacionamentos lésbicos e que todos os motivos de tensão existentes em uma relação hétero sejam automaticamente eliminados em um relacionamento homo é de uma ignorância atroz. E nunca ouvi uma sugestão mais estapafúrdia do que casar com um “viado enrustido”. Toda a minha argumentação vai na direção da liberdade (não na sua acepção mais óbvia ou comum, como tento demonstrar mais adiante), por isso viver um casamento de fachada e não assumir a sua sexualidade é, definitivamente, um conselho de alguém que não preza essa fundamental dimensão da existência humana. (Mas lembrem-se: isso não é um ataque pessoal ao talvez-pseudo-Jabor!)
Mais adiante, nosso amigo filosofa: “Todo ser humano busca a felicidade, a realização. A mulher se realiza satisfazendo o desejo maternal, com a segurança de ter uma família estruturada e saudável, com um bom homem ao lado que a proteja e lhe dê carinho. [...] A realização pessoal dele vem de diversas formas: pode vir com o sentimento de paternidade, com uma família estruturada, etc. mas nunca vai vir se não puder acesso a outras fêmeas [...].”
Pra não soar repetitiva, retomo meus principais contra-argumentos: concordo que todo ser humano busca a felicidade, discordo de que a realização da mulher se limite à satisfação do desejo maternal, segurança, família e um bom homem. Mulher sente desejo sexual tanto quanto homem. E homem, tanto quanto mulher, também pode precisar dos itens anteriores para se realizar. Quanto a ter “acesso a outras fêmeas”, uma das principais chatices da vida adulta é constatar o fato de que escolhas implicam renúncias. Todo homem tem direito a ter acesso a quantas fêmeas quiser; basta não se comprometer com apenas uma. E o mesmo vale para as mulheres.
Vejam qual é a imagem de homem perfeito contemporâneo traçada pelo meu interlocutor: “Os homens perfeitos de hoje são aqueles bem desenvolvidos profissionalmente que traem esporadicamente (uma vez a cada dois meses, por exemplo), mas que respeitam a mulher [...].”
Se trair a cada dois meses é um exemplo de como se respeita uma mulher, quero esse homem perfeito longe de mim.
Há ainda outra máxima a respeito dos homens que as mulheres precisam conhecer: “90% dos homens não querem nada sério. Os 10% restantes estão momentaneamente cansados da vida de balada ou estão ficando com má fama por não estarem casados ou enamorados; por isso procuram casamento.”
É verdade que, para quem vive uma vida de mulher solteira, tem sido muito difícil encontrar um homem que queira levar um relacionamento a sério. Por outro lado, tenho a felicidade de contar com vários amigos que, embora obviamente não deixem de desejar sexualmente outras mulheres, vivem relações estáveis e apaixonadas com mulheres maravilhosas e definitivamente não querem abrir mão dessa vida. Se realmente há homens que procuram casamento por estarem com má fama, meu conselho para eles: não caiam nessa. Prefiro continuar sozinha e ver todas as minhas outras amigas solteiras ficarem para titia do que mal-acompanhadas. Vade-retro!
Por último, cabe lembrar a verdade ululante que nosso amigo fez questão de enfatizar em seu discurso: “O homem é capaz de te trair e de te amar ao mesmo tempo.”. Verdade inconteste. Assim como é possível amar duas mulheres (ou dois homens) ao mesmo tempo. Assim como é possível não amar sua mulher e traí-la com uma mulher que você ama, ou não amar ninguém, nem mesmo a você mesmo. O que está em jogo, para mim, não é o quanto ser fiel ou infiel é sinal de amor ou desamor, e sim o quanto a traição está ou não no campo das escolhas – e o que ela implica.
Embora não fosse a minha intenção comentar um por um cada um dos trechos do manifesto em favor da traição masculina, acabei sentindo necessidade de fazê-lo antes de partir para o que eu realmente gostaria de falar sobre traição. Vocês hão de concordar que esse e-mail dá um bom pano pra manga, paletó, colete e terno completo.
Tenho vontade de falar, primeiro, sobre uma impressão geral sobre esse tipo de argumentação. O que me impressiona é o determinismo que esse texto revela. Dizer que os homens “são assim” e que as mulheres “são assado” me parece uma generalização caricatural que ignora aquilo que é tão próprio da natureza humana: a singularidade. Aqui tenho que fazer um mea culpa: eu mesma vivo chamando a atenção para as famosas diferenças entre homens e mulheres, achando graça dessa querela insolúvel que se trava entre os de Marte e as de Vênus. E acho, mesmo, que via de regra homens e mulheres são diferentes. Acho, também, que essas diferenças dão conta de boa parte da graça da vida e dos relacionamentos. São o veneno e o remédio. Mas jamais aceitaria que me impingissem determinado comportamento sob a categórica afirmação: “ela é mulher, toda mulher é assim”. E o mesmo diria a respeito de qualquer homem.
Para além da singularidade humana, essa linha argumentativa parece ignorar uma das mais caras e inevitáveis dimensões da existência humana: a liberdade. Sem ter medo de soar repetitiva, cito Sartre, sempre ele: “o ser humano está condenado a ser livre”. Que ninguém atribua suas escolhas a determinadas características e condições pré-determinadas (por exemplo, hormônios!). Sartre também disse que cada um de nós nada mais é do que o resultado de nossas ações. Então, ninguém trai ninguém porque “é homem”, e sim porque escolheu trair.
Além disso, em seu artigo “O existencialismo é um humanismo?”, Sartre nos mostra que nenhum homem é livre se toda a humanidade também não o for, pondo por terra a definição mais tosca de liberdade que diz que “a de um acaba onde começa a do outro”. Isso não é liberdade, é demarcação de território. Liberdade é a infinita capacidade – e necessidade – de escolha que cada um de nós deve fazer a cada segundo da vida e a assunção das conseqüências que cada escolha implica. Corro o risco de simplificar demais um dos pilares mais significativos da obra de Sartre e do pensamento ocidental do século XX. Prefiro ficar por aqui e recomendar a leitura do artigo a quem desejar se aprofundar no assunto.
Vamos falar português claro: ser traído é uma merda. Ninguém deseja isso para si. Só isso já dá uma boa dica sobre se trair é ou não é legal. Ainda assim, as pessoas traem, e pelas mais diversas razões. Foi só quando ouvi da boca de uma senhora dos seus cinqüenta anos, casada, inteligente, coerente, articulada, que “é praticamente impossível pensar que alguém que viva um relacionamento estável e de longa duração não vá trair o parceiro em algum momento da vida” que a minha ficha caiu. A carne é fraca, às vezes o corpo pensa mais rápido do que a cabeça ou o princípio do prazer fala mais alto do que o da realidade. Às vezes é mais fácil acreditar que “é preferível trair minha mulher do que deixá-la”. Aliás, certamente há mulheres que pensam assim. E homens. E alguns deles (homens e mulheres) provavelmente têm razão: trairão esporadicamente (não uma vez a cada dois meses!) para suportar os momentos de crise do casamento e com isso conseguirão, em alguma medida, preservar a relação e seguir adiante.
Ainda assim, por mais que a traição – e o perdão – façam parte da vida, pra mim o que faz toda a diferença é a distância entre admitir a sua possibilidade (“todos nós estamos sujeitos a trair e ser traídos”) e afirmar a sua inexorabilidade (“todo homem é infiel”). Somos, sim, falíveis. Mas, assim como todo homem busca a felicidade, busca também a auto-superação. Que ninguém embarque em uma relação sem a convicção de que fará tudo o que está ao seu alcance para fazer deste um encontro verdadeiro, autêntico, honesto, digno, respeitoso.
E quando a vontade de trair se tornar insuportável, acho que isso deve ser tomado como um sinal de alerta e um bom pretexto para rever a relação. Às vezes o amor acaba. E só isso já é suficientemente doloroso, para quem não ama mais e para quem deixou de ser amado. Não há por que melar uma história de amor que deu certo (dar certo não é sinônimo de ser eterno) com um fim desrespeitoso por pura falta de coragem de partir ou deixar o outro ir.
Para concluir (sem nenhuma pretensão de ter esgotado o assunto), quero deixar registrado que nem tudo o que escreveu o tal defensor da traição masculina precisa ser descartado. Selecionei dois trechos do manifesto que me parecem cheios de sabedoria, e os deixo aqui como um convite à reflexão:
“O segredo é dar espaço para o homem viajar nos seus desejos (na maioria das vezes, quando ele não está sufocado pela mulher ele nem chega a trair, fica só nas paqueras, troca de olhares).”
O segredo é dar espaço para homens e mulheres vivenciarem os seus desejos. Casamento não é sinônimo de morte cerebral. Todos nós temos pensamentos íntimos, desejos secretos, fantasias que merecem ser preservadas e cultivadas no recanto da nossa privacidade. Isso sim, me parece algo fundamental para garantir a felicidade de um casal. E é também uma boa dica para os ciumentos patológicos que sufocam os seus parceiros com cobranças de uma irreal exclusividade de pensamentos e ignoram a necessidade que todo ser humano tem de, como bem disse o nosso amigo, “viajar”. Em pensamentos.
É bom lembrar que “desejo” é um conceito tão amplo e complexo quanto a “liberdade” (estou me lembrando da minha professora substituta de psicanálise perguntando para uma classe atônita: “vocês já viram desejo?” – como se perguntasse “posso considerar matéria dada?”). Por ora vale lembrar aquela famosa frasezinha que encerra uma boa dose de sabedoria: o desejo nasce da falta. Como ninguém nasceu grudado, cada um tem mais é que exercitar as suas atividades, ir atrás dos seus interesses, sair de vez em quando com os seus próprios amigos ou sozinho mesmo, viajar sozinho – por que não? – e continuar existindo como um indivíduo inteiro. Fácil falar, difícil fazer, algumas mulheres vão falar. Mas sem dúvida é algo vital não só para a saúde do relacionamento, mas para a saúde mental de qualquer pessoa.
“O que você procura pode ser impossível de achar, então, procure algo que você pode achar e seja feliz ao invés de passar a vida inteira procurando algo indefectível que você nunca vai encontrar.”
Concordo em gênero, número e grau. Como eu costumo dizer: viva os encontros que a vida lhe oferece, independente de eles parecerem certos ou errados.
I rest my case.
Mas Manélson me mandou um e-mail que eu considerei tão desaforado (o desaforo não foi de Manélson, é claro, ela só estava partilhando o tal manifesto com as amigas) que achei que estava na hora de colocar a minha voz no mundo sobre o assunto. Meus pais sempre acharam que eu devia ter feito Direito (mais uma pulga atrás da minha orelha vocacional). Ô vontade de argumentar que não acaba nunca... Enfim, senti vontade de organizar alguns pensamentos dispersos sobre o tema e achei que o texto oferecia vários ganchos para isso.
O tal texto é supostamente assinado pelo Arnaldo Jabor, mas nem vou levar isso em consideração, primeiro porque a quantidade de textos que circula pela internet e cuja autoria declarada é absolutamente fajuta é espantosa; segundo porque não pretendo fazer dessa reflexão um ataque pessoal ao autor (suposto ou real) desse texto, até porque tenho certeza de que ele representa a opinião de muitos homens e mulheres sobre o assunto.
Pra começo de conversa, é bom dizer que o texto se propõe a “ajudar as mulheres a entenderem os homens e, enfim, pararem de tentar nos mudar com métodos ineficazes” (parece que já li isso em algum lugar...).
Esse poderia ser mesmo um serviço de utilidade pública, já que os homens reais que queremos entender dificilmente se dispõem a esclarecer as nossas eternas – e mais do que justificadas – dúvidas. Além disso, dizer que tentamos mudá-los com métodos ineficazes leva a entender que há métodos eficazes para tentar modificá-los. Seria um começo bem promissor.
Infelizmente, na seqüência, e, sem fazer uso de meias-palavras, o autor desce o porrete: “não existe homem fiel” e “isso se aplica a 99,9% dos homens baianos e brasileiros”. Em seguida, diz que “a traição do homem é hormonal, efêmera. [...] Não é como a da mulher. Mulher tem que admirar para trair; ter algum envolvimento”.
Péra lá, minha gente. Se a situação realmente fosse essa, eu perderia completamente a minha fé no sexo oposto. Não vamos tapar o Sol com a peneira: todos nós estamos sujeitos a trair e a ser traídos em algum momento da vida (e vocês estão ouvindo isso da boca de alguém que nunca traiu e, verdade seja dita, nunca teve vontade de trair). Daí a defender que essa afirmação hipotética, condicional é uma verdade absoluta, há uma enorme distância. Também pode ser que a traição tenha se tornado algo banal, generalizado. Mas não concordo em torná-la um atributo essencialmente masculino e nem em aplicá-lo indiscriminadamente a todo esse contingente populacional.
Outra coisa que não pode ser afirmada de modo algum é que a traição masculina é “hormonal, efêmera” e a da mulher requer “admiração e envolvimento”. Eu não disponho de tantos recursos estatísticos para afirmar a porcentagem de homens e mulheres que se encaixam em cada categoria, mas me parece óbvio que um homem pode primeiro admirar e depois trair e se envolver e uma mulher pode ceder a uma tentação carnal, efêmera sem qualquer envolvimento. Isso, para mim, é um machismo às avessas. Os homens ainda não estão convencidos de que as mulheres também sentem desejo sexual por outros homens e podem, sim, trair sem um bom motivo que não seja o puro tesão. Não é orgulho para ninguém, mas também não dá pra fingir que não aconteça.
A próxima afirmação que merece destaque é que “a traição tem seu lado positivo. Até digo, é um mal necessário. O cara que fica [...] sem trair é infeliz no casamento, seu desempenho sexual diminui [...], ele fica mal da cabeça. Entenda de uma vez por todas: homens e mulheres são diferentes. Se quiser alguém que pense como você, vire lésbica [...] ou case com um viado enrustido que precisa de uma mulher para se enquadrar no modelo social”.
Me parece óbvio que o autor do texto quis usar o humor para defender o seu ponto de vista, mas confesso que não me diverti nem um pouco com esse parágrafo. Mais uma vez, é verdade que há casais que conseguem viver bem em um esquema de relacionamento aberto e se beneficiar do fato de terem experiências sexuais com outros parceiros. É verdade, também, que outros casais que não têm esse tipo de pacto já conseguiram superar uma dolorosa experiência de traição e usá-la em favor do relacionamento, tornando-o mais autêntico, assumindo-se como pessoas imperfeitas, abrindo-se para a imprevisibilidade da vida. É verdade, ainda, que há casais em que um trai sistematicamente e o outro é traído e, uma vez que a traição não é descoberta, isso não afeta o casamento. Todas essas afirmações são verdadeiras. Daí a afirmar que o homem que não trai é infeliz no casamento e seu desempenho sexual diminui é o fim da picada... É tentar usar os fins (infundados) para justificar os meios (torpes). Se o homem é infeliz no casamento ou não se sente satisfeito com a sua parceira sexual tem mais é que se separar. E “entendam de uma vez por todas”: ninguém “vira lésbica”. E ninguém é lésbica porque quer ter ao seu lado “alguém que pense como você”. Supor que não exista traição em relacionamentos lésbicos e que todos os motivos de tensão existentes em uma relação hétero sejam automaticamente eliminados em um relacionamento homo é de uma ignorância atroz. E nunca ouvi uma sugestão mais estapafúrdia do que casar com um “viado enrustido”. Toda a minha argumentação vai na direção da liberdade (não na sua acepção mais óbvia ou comum, como tento demonstrar mais adiante), por isso viver um casamento de fachada e não assumir a sua sexualidade é, definitivamente, um conselho de alguém que não preza essa fundamental dimensão da existência humana. (Mas lembrem-se: isso não é um ataque pessoal ao talvez-pseudo-Jabor!)
Mais adiante, nosso amigo filosofa: “Todo ser humano busca a felicidade, a realização. A mulher se realiza satisfazendo o desejo maternal, com a segurança de ter uma família estruturada e saudável, com um bom homem ao lado que a proteja e lhe dê carinho. [...] A realização pessoal dele vem de diversas formas: pode vir com o sentimento de paternidade, com uma família estruturada, etc. mas nunca vai vir se não puder acesso a outras fêmeas [...].”
Pra não soar repetitiva, retomo meus principais contra-argumentos: concordo que todo ser humano busca a felicidade, discordo de que a realização da mulher se limite à satisfação do desejo maternal, segurança, família e um bom homem. Mulher sente desejo sexual tanto quanto homem. E homem, tanto quanto mulher, também pode precisar dos itens anteriores para se realizar. Quanto a ter “acesso a outras fêmeas”, uma das principais chatices da vida adulta é constatar o fato de que escolhas implicam renúncias. Todo homem tem direito a ter acesso a quantas fêmeas quiser; basta não se comprometer com apenas uma. E o mesmo vale para as mulheres.
Vejam qual é a imagem de homem perfeito contemporâneo traçada pelo meu interlocutor: “Os homens perfeitos de hoje são aqueles bem desenvolvidos profissionalmente que traem esporadicamente (uma vez a cada dois meses, por exemplo), mas que respeitam a mulher [...].”
Se trair a cada dois meses é um exemplo de como se respeita uma mulher, quero esse homem perfeito longe de mim.
Há ainda outra máxima a respeito dos homens que as mulheres precisam conhecer: “90% dos homens não querem nada sério. Os 10% restantes estão momentaneamente cansados da vida de balada ou estão ficando com má fama por não estarem casados ou enamorados; por isso procuram casamento.”
É verdade que, para quem vive uma vida de mulher solteira, tem sido muito difícil encontrar um homem que queira levar um relacionamento a sério. Por outro lado, tenho a felicidade de contar com vários amigos que, embora obviamente não deixem de desejar sexualmente outras mulheres, vivem relações estáveis e apaixonadas com mulheres maravilhosas e definitivamente não querem abrir mão dessa vida. Se realmente há homens que procuram casamento por estarem com má fama, meu conselho para eles: não caiam nessa. Prefiro continuar sozinha e ver todas as minhas outras amigas solteiras ficarem para titia do que mal-acompanhadas. Vade-retro!
Por último, cabe lembrar a verdade ululante que nosso amigo fez questão de enfatizar em seu discurso: “O homem é capaz de te trair e de te amar ao mesmo tempo.”. Verdade inconteste. Assim como é possível amar duas mulheres (ou dois homens) ao mesmo tempo. Assim como é possível não amar sua mulher e traí-la com uma mulher que você ama, ou não amar ninguém, nem mesmo a você mesmo. O que está em jogo, para mim, não é o quanto ser fiel ou infiel é sinal de amor ou desamor, e sim o quanto a traição está ou não no campo das escolhas – e o que ela implica.
Embora não fosse a minha intenção comentar um por um cada um dos trechos do manifesto em favor da traição masculina, acabei sentindo necessidade de fazê-lo antes de partir para o que eu realmente gostaria de falar sobre traição. Vocês hão de concordar que esse e-mail dá um bom pano pra manga, paletó, colete e terno completo.
Tenho vontade de falar, primeiro, sobre uma impressão geral sobre esse tipo de argumentação. O que me impressiona é o determinismo que esse texto revela. Dizer que os homens “são assim” e que as mulheres “são assado” me parece uma generalização caricatural que ignora aquilo que é tão próprio da natureza humana: a singularidade. Aqui tenho que fazer um mea culpa: eu mesma vivo chamando a atenção para as famosas diferenças entre homens e mulheres, achando graça dessa querela insolúvel que se trava entre os de Marte e as de Vênus. E acho, mesmo, que via de regra homens e mulheres são diferentes. Acho, também, que essas diferenças dão conta de boa parte da graça da vida e dos relacionamentos. São o veneno e o remédio. Mas jamais aceitaria que me impingissem determinado comportamento sob a categórica afirmação: “ela é mulher, toda mulher é assim”. E o mesmo diria a respeito de qualquer homem.
Para além da singularidade humana, essa linha argumentativa parece ignorar uma das mais caras e inevitáveis dimensões da existência humana: a liberdade. Sem ter medo de soar repetitiva, cito Sartre, sempre ele: “o ser humano está condenado a ser livre”. Que ninguém atribua suas escolhas a determinadas características e condições pré-determinadas (por exemplo, hormônios!). Sartre também disse que cada um de nós nada mais é do que o resultado de nossas ações. Então, ninguém trai ninguém porque “é homem”, e sim porque escolheu trair.
Além disso, em seu artigo “O existencialismo é um humanismo?”, Sartre nos mostra que nenhum homem é livre se toda a humanidade também não o for, pondo por terra a definição mais tosca de liberdade que diz que “a de um acaba onde começa a do outro”. Isso não é liberdade, é demarcação de território. Liberdade é a infinita capacidade – e necessidade – de escolha que cada um de nós deve fazer a cada segundo da vida e a assunção das conseqüências que cada escolha implica. Corro o risco de simplificar demais um dos pilares mais significativos da obra de Sartre e do pensamento ocidental do século XX. Prefiro ficar por aqui e recomendar a leitura do artigo a quem desejar se aprofundar no assunto.
Vamos falar português claro: ser traído é uma merda. Ninguém deseja isso para si. Só isso já dá uma boa dica sobre se trair é ou não é legal. Ainda assim, as pessoas traem, e pelas mais diversas razões. Foi só quando ouvi da boca de uma senhora dos seus cinqüenta anos, casada, inteligente, coerente, articulada, que “é praticamente impossível pensar que alguém que viva um relacionamento estável e de longa duração não vá trair o parceiro em algum momento da vida” que a minha ficha caiu. A carne é fraca, às vezes o corpo pensa mais rápido do que a cabeça ou o princípio do prazer fala mais alto do que o da realidade. Às vezes é mais fácil acreditar que “é preferível trair minha mulher do que deixá-la”. Aliás, certamente há mulheres que pensam assim. E homens. E alguns deles (homens e mulheres) provavelmente têm razão: trairão esporadicamente (não uma vez a cada dois meses!) para suportar os momentos de crise do casamento e com isso conseguirão, em alguma medida, preservar a relação e seguir adiante.
Ainda assim, por mais que a traição – e o perdão – façam parte da vida, pra mim o que faz toda a diferença é a distância entre admitir a sua possibilidade (“todos nós estamos sujeitos a trair e ser traídos”) e afirmar a sua inexorabilidade (“todo homem é infiel”). Somos, sim, falíveis. Mas, assim como todo homem busca a felicidade, busca também a auto-superação. Que ninguém embarque em uma relação sem a convicção de que fará tudo o que está ao seu alcance para fazer deste um encontro verdadeiro, autêntico, honesto, digno, respeitoso.
E quando a vontade de trair se tornar insuportável, acho que isso deve ser tomado como um sinal de alerta e um bom pretexto para rever a relação. Às vezes o amor acaba. E só isso já é suficientemente doloroso, para quem não ama mais e para quem deixou de ser amado. Não há por que melar uma história de amor que deu certo (dar certo não é sinônimo de ser eterno) com um fim desrespeitoso por pura falta de coragem de partir ou deixar o outro ir.
Para concluir (sem nenhuma pretensão de ter esgotado o assunto), quero deixar registrado que nem tudo o que escreveu o tal defensor da traição masculina precisa ser descartado. Selecionei dois trechos do manifesto que me parecem cheios de sabedoria, e os deixo aqui como um convite à reflexão:
“O segredo é dar espaço para o homem viajar nos seus desejos (na maioria das vezes, quando ele não está sufocado pela mulher ele nem chega a trair, fica só nas paqueras, troca de olhares).”
O segredo é dar espaço para homens e mulheres vivenciarem os seus desejos. Casamento não é sinônimo de morte cerebral. Todos nós temos pensamentos íntimos, desejos secretos, fantasias que merecem ser preservadas e cultivadas no recanto da nossa privacidade. Isso sim, me parece algo fundamental para garantir a felicidade de um casal. E é também uma boa dica para os ciumentos patológicos que sufocam os seus parceiros com cobranças de uma irreal exclusividade de pensamentos e ignoram a necessidade que todo ser humano tem de, como bem disse o nosso amigo, “viajar”. Em pensamentos.
É bom lembrar que “desejo” é um conceito tão amplo e complexo quanto a “liberdade” (estou me lembrando da minha professora substituta de psicanálise perguntando para uma classe atônita: “vocês já viram desejo?” – como se perguntasse “posso considerar matéria dada?”). Por ora vale lembrar aquela famosa frasezinha que encerra uma boa dose de sabedoria: o desejo nasce da falta. Como ninguém nasceu grudado, cada um tem mais é que exercitar as suas atividades, ir atrás dos seus interesses, sair de vez em quando com os seus próprios amigos ou sozinho mesmo, viajar sozinho – por que não? – e continuar existindo como um indivíduo inteiro. Fácil falar, difícil fazer, algumas mulheres vão falar. Mas sem dúvida é algo vital não só para a saúde do relacionamento, mas para a saúde mental de qualquer pessoa.
“O que você procura pode ser impossível de achar, então, procure algo que você pode achar e seja feliz ao invés de passar a vida inteira procurando algo indefectível que você nunca vai encontrar.”
Concordo em gênero, número e grau. Como eu costumo dizer: viva os encontros que a vida lhe oferece, independente de eles parecerem certos ou errados.
I rest my case.
11 comentários:
Clap, clap, clap!
Apesar de nunca ter traído, vc entende bem a ambiguidade do assunto! ;-)
Eu quase morri de catapora quando recebi esse texto com tanto teor machista e ultrapassado que esqueci de considerar os pontos que poderiam ser guardados. Ele, em sua totalidade, me incomodou profundamente.
Mas, vc conseguiu matá-lo e salvar alguns pontos que eu nem tinha notado.
Eu sou mulher, já traí por trair, já fui traída e até tentei perdoar. Sei que isso é uma merda, mas "merdas acontecem".
Fingir que só homem faz por fazer, ou que ela não existe, realmente não dá.
Beijos
cada dia admiro mais seu pensamento!
sem palavras.
concordo com cada vírgula.
beijo.
Já conhecia o texto em questão. Não é do Jabor.
Mas enfim ao que interessa, sobre a liberdade, atualmente sou menos satreana (se bem que ainda tem um ou 2 textos bem satreanos no meu blog) e mais Spinozista...rs
Acredito que livre é aquele capaz de agir segundo sua própria necessidade. Ser livre é exercitar sua vontade sem sem impelido por causas inadequadas (causas "externas").
Muitas vezes as pessoas traem por convenções sociais diversas e não pela própria vontade. O homem pelo mito do "supermacho pegador" e a mulher várias vezes impelida a trair para se autoafirmar como ser desejado. Acho que o fundamento da traição é a própria insegurança, o que para mim é ser escravo das tais "causas inadequadas".
Acho um exercício pleno de liberdade não trair seu companheiro em tempos em que o sexo se tornou obrigatório.
Impressionante. Ainda que não seja trabalho difícil trazer luz a um texto de um tal ridículo quanto o citado, você o fez com graça e elegância ímpares.
Cheguei ao seu blog através de um comentário seu no blog do Cafa, que me chamou a atenção pela clareza e o encadeamento das idéias.
A priori, não concordei com esse comentário, mas lendo seu blog fiquei com a impressão de que você e o Cafa estão mais de acordo do que imaginam, infelizmente não estou a altura de racionalizar essa impressão e estou por demais curioso para ler o resto do seu blog para me alongar mais.
Parabéns pelo bom trabalho e esteja certa de que conquistou um leitor.
Lindarê,
legal que você gostou do post!
Apesar da minha quase nula experiência de vida com o assunto (que espero que permaneça assim) é algo que sempre me fez pensar...
Drika,
que isso, mulé... como disse minha amiga blogueira Amarilis, somos todas meninas nesse mundo, tentando aprender alguma coisa...
Oi Mordred! Você por acaso também é fã de As Brumas de Avalon? Demorei algumas horas pra ligar as coisas...
Achei muito pertinente o seu comentário. Eu confesso que fugi da Faculdade de Filosofia no segundo ano e por isso não cheguei ao Spinoza, mas talvez precisasse me inteirar para confirmar ou não as minhas convicções sartreanas!
Alexandre,
seja muitíssimo bem-vindo ao meu blog! Obrigada pela "graça e elegância" e estou muito curiosa para ouvir a sua formulação a respeito das minhas semelhanças com o Cafa! Quando conseguir chegar a alguma conclusão, não deixe de dividi-la comigo...
Também fiquei curiosa para saber por que você não concordou com o meu comentário. Apareça!
Olá, acho que consegui compreender melhor as minhas impressões a respeito do seu comentário no blog do Cafa.
Não concordei quando você afirmou que "Liberação sexual não tem nada a ver com violência contra a mulher, que por sua vez também não tem nada a ver com burrice ou imprudência."
Acho que liberação sexual não tem uma relação de causa e efeito com a violência, mas guardam sim uma relação incidental.
Essa liberdade é perigosa a mulher quando simplesmente permite que ela tenha relações casuais e principalmente quando torna-se traço cultural.
Na verdade o problema não está na mulher e sim no homem, mas elas passam a ser vítimas fáceis para a brutalidade ao exercerem sua liberdade sexual sem responsabilidade.
O recado do Cafa em seu post foi, não peguem carona com qualquer um, não sejam oferecidas, não dêem no primeiro encontro, não sejam fáceis, não se entreguem à "...burrice ou [à] imprudência."
Como disse, sabia que não estava a altura de recionalizar minhas impressões, quem sabe na próxima?
Beijos.
Oi Alexandre!
Obrigada por ter se dado ao trabalho de pensar sobre o meu comentário no post do Cafa e, atendendo ao meu pedido, voltado aqui para dividir comigo as suas impressões! Acho que você se saiu muito bem ao racionalizá-las e expressá-las, mas continuo firme no meu posicionamento.
Entendi bem o que o Cafa quis dizer com o post, mas o que ele de fato disse me incomodou. Acho irresponsável colocar lado a lado duas coisas que, como você mesmo mencionou, não têm uma relação de causa e efeito. A violência contra a mulher sempre existiu e decorre unicamente do fato de o homem ser fisicamente mais forte e dos papéis que historicamente sempre foram reservados às mulheres e aos homens na sociedade. (Não acho que seja um assunto de seu interesse, mas se um dia tiver curiosidade leia um livro de uma jornalista chinesa chamada Xin Ran, "As boas mulheres da China", e se horrorize com o que os pais, irmãos mais velhos e soldados ainda eram capazes de fazer com meninas e adolescentes há menos de duas décadas, com total apoio da sociedade.)
Considero que a liberação sexual é uma conquista inestimável das mulheres (ainda não totalmente consolidada) e, por conhecer bem a linha de pensamento do Cafa, concordo com os comentários das leitoras que disseram que esse tipo de preocupação jamais teria passado pela cabeça dele se as duas garotas a quem o amigo ofereceu carona fossem bonitas e atraentes.
Enfim, concordo inteiramente que, no mundo em que vivemos hoje, prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Mas a tendência a investir nessa prudência um viés moral é um passo tão pequenininho...
Um beijo, obrigada por ter escrito!
Cris.
Sou realmente muito fã de "As Brumas de Avalon"...
Fiz um personagem de RPG baseado no Mordred, inclusive.
Uma pergunta: onde vc fez filosofia?
Mordred,
também sou fãzona de "As Brumas", lidas de cabo a rabo duas vezes! Que curioso você ter baseado seu personagem no Mordred! Nunca havia parado para pensar, mas ele é de fato uma figura muito interessante.
Fui aluna da Filosofia na USP entre 98 e 99. Depois, fugi para o curso de Letras na PUC e me tornei uma pessoa muito mais feliz!
E vc?
Um beijo,
Cris.
Faço filosofia na URFJ e Psicologia na UFF...
Não consigo viver sem as duas coisas...rs
Surpreendente você ter largado o curso da USP, afinal já ouvi muitos elogios. Entretanto a qualidade da escrita confirma que a escolha foi acertada..
Me baseei no Mordred pela complexidade de sua personalidade e a maneira como lidou com o fato de possuir um destino. Possuir um destino e lidar com ele coloca em questão a liberdade, que é aliás uma questão muito cara para mim.
E de resto, espero que continue escrevendo!
Um abraço!
Olá!!
Gostei do teu texto.
Concordo plenamente nesta parte:
"mas me parece óbvio que um homem pode primeiro admirar e depois trair e se envolver e uma mulher pode ceder a uma tentação carnal, efêmera sem qualquer envolvimento. Isso, para mim, é um machismo às avessas."
Graças ao meu trabalho, convivo com muitas mulheres. Quando tenho liberdade, vire e mexe converso sobre este assunto com as colegas. Alguns homens acreditam mesmo que as mulheres não são capazes de trair só por atração física, que não separam sexo de amor. Ledo engano.
Hoje em dia não dou mais escapadas, mas adorava sair a procura de um homem charmoso (gostoso). E conheço algumas mulheres que são adeptas dessa modalidade, mesmo casadas e apaixonadas pelo marido/namorado.
Realmente, a monogamia não foi feita para certas pessoas (homens e mulheres).
beijos!
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