terça-feira, 24 de julho de 2007

O post dentro do post

Este post começou a ser escrito na última quarta-feira, dia 18 de julho, enquanto me preparava para ser levada ao hospital pela minha amiga Marina.

A vida é assim:

Os seus pais vão passar três semanas fora do país.

A sua irmã está trabalhando em um projeto em Minas Gerais.

O contrato de aluguel do seu apartamento vence em uma semana.

No trabalho, vem a única semana de recesso do ano. Você pensa em conversar com a sua chefe e pedir uma semana de férias – quem sabe viajar?, mas decide aproveitar os dias mais calmos para procurar apartamento e resolver esse problema de uma vez por todas (afinal, já faz um ano que você está adiando essa tarefa).

E então, no fim da tarde de sábado, você resolve tirar um cochilo. E, quando acorda, ao levantar da cama, não percebe que a sua perna ainda está dormindo e quebra o pé.

Saldo: um apartamento no 11º andar com o contrato prestes a vencer, duas cachorras para alimentar (passear, afofar, limpar, educar...), um trabalho e vários freelas para administrar, aulas de yoga canceladas, pai, mãe e irmã à distância, dois sovacos assados, cinco quilos de gesso no pé direito e você tentando lutar contra a força da gravidade, com um mês inteiro pela frente sem pôr o pé no chão. Sua única chance de sobrevivência nessas condições é contar com a caridade alheia (e felizmente não faltam ofertas de motoristas, dog-sitters, baby-sitters, supermercado-sitters).

A vida é assim: não respeita os seus planos.

Ou, como disse um amigo meu: às vezes a vida te obriga a prestar atenção em algo em que você não estava pondo reparo...

Imediatamente comecei a pensar em todas as coisas que a vida andou me ensinando durante o último ano. A importância da minha família e dos meus amigos... o que significa, realmente, ser adulto... como lidar com aquilo que acontece à revelia da sua vontade, com a sua impotência, com a imprevisibilidade dos fatos, das pessoas, das relações humanas...

Eu estou me tornando especialista nesse ramo de fazer do limão uma limonada. Não vai ser uma queda dessas que vai me derrubar, não mesmo! Estou encarando tudo com o maior bom-humor. Na pior das hipóteses, terei mais tempo para escrever.

E pra pensar, mais uma vez, no que será que a danada da vida está querendo me mostrar...

Algumas horas depois, reais a menos, uma bota ortopédica e um pouco menos de crença na classe médica, volto para casa com o diagnóstico de que NÃO quebrei o pé (ao contrário do que havia me dito o primeiro doutor que me atendeu, acrescentando, com gravidade, que “por pouco eu não precisara operar”). Mais uma semana de repouso e compressas de gelo já estarei em forma novamente.

Afinal, o que será que a vida quis me mostrar dessa vez?

Hum... tenho que rever minhas anotações... Lembrei: nunca confie em ortopedistas.

9 comentários:

Drika disse...

compartilho desse lema!
tenho um problema nos joelhos q passei 31 anos de vida tentando descobrir e nenhum desses exemplares médicos conseguiu. bom, achei um q descobriu. quero ele pra colocar no meu armário. pq médico como ele ñ aparece assim não.

Drika disse...

ah! melhoras, darling!

Isabella Kantek disse...

No mínimo a experiência lhe rendeu um belo texto e algumas reflexões. E o pé, chulé? Está melhor?

Responderei o e-mail assim que a Estela for pra cama.

Bisou-tantan

Anônimo disse...

Oi Drika,

pois é, eu não tinha ainda tido a infelicidade de descobrir a classe dos ortopedistas porque quando era criança fui atendida em todos os meus acidentes pelo doutor Waldemar, médico da família, de confiança. Mas ele era velhinho e hoje em dia está em glória.

Levei 28 anos para descobrir que os ortopedistas só escolheram essa especialidade porque não conseguiram vaga em nenhuma outra - e colhi fartos depoimentos que comprovam essa tese!

Cuida desse joelho aí que eu tô cuidando do pé aqui!


Kantekinha,

o negócio é que as reflexões estavam enveredando por caminhos existenciais e acabaram ficando meio mundanas. Mas no mundo da escrita nada é em vão, né?

Aguardo o seu e-mail então.

Bisou-tantan (adorei isso!) também!

Isabella Kantek disse...

E eu adorei o Kantekinha! (rs)

Gastón disse...

Então, já que o negócio é só saco de gelo no pé, separa umas 6 pedrinhas, divide em dois copos, bota pinga, limão, açúcar e me liga. Beijos

Anônimo disse...

Hahaha...quebrou o pé pq ele dormiu? Cômico se não fosse trágico!

Alguns amigos que fazem medicina me falaram que entre eles é consenso geral que médico vagabundo na faculdade vira ortopedista ou clínico geral.

Ainda bem que nunca quebrei o pé! =)

fabiana disse...

Veja pelo lado positivo: ninguém vai despejar uma mulher com o pé semi-quebrado!

Reflita.

Anônimo disse...

Kantekinha: eu também! :)

Gastón: hahahahahahahha, grande idéia! Uma amiga me emprestou uns gelinhos desses de plástico com água dentro, e quando eu saía da casa dela o namorado dela me alertou: "não leva esses gelos, eles são uma porcaria!" Minha amiga explicou: é pra pôr no pé...

Acho que ele também imaginou que eu ia desfrutar de uma bela caipirinha no aconchego do meu lar :)

Straits: mas não é? Eu pensei até em forjar uma versão mais interessante (e digna) do acidente, algo envolvendo asa-delta, moto ou afins... mas não colou :)

Ainda bem que eu TAMBÉM nunca quebrei o pé! ;)

Fabiana,

será, hein? Acho que o dono do apartamento só não me expulsou até agora porque ninguém quer pagar o preço que ele tá pedindo... na dúvida, vou ficando!!!