Agora que já delineei um pouco as “quatro estações” do meu último ano amoroso, vai ficar mais fácil localizar no tempo alguns textos que escrevi antes do Mulher Solteira nascer. Eu queria fazer isso para que os leitores não se sentissem muito compadecidos da minha pessoa, querendo me consolar ou se preocupando com a minha falta de rumo no retorno à solteirice. Gente, águas passadas! Tô muito mais safa. Mas o texto abaixo, originalmente escrito em outubro de 2006 e um dos precursores desse blog, dá um pouco uma idéia de como andava a minha cabeça nos tempos da “reambientação”.
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Reaprendendo a jogar
Depois de levar um pé na bunda sem aviso prévio do meu namorado de quatro anos apenas um mês e meio depois de termos comprado um cachorro juntos, uma semana depois de termos concordado que dali a algum tempo iríamos morar juntos e dois meses depois de ele dizer que se sentia cada vez mais feliz com o nosso namoro, eu definitivamente concluí que a minha vasta compreensão a respeito da maneira como ele pensava ou sentia era pouco mais extensa do que uma folha de alface.
Convenhamos que, para além da dificuldade de compreensão natural entre duas pessoas que se relacionam, é um fato que compreender a cabeça dos homens é um dos grandes mistérios que rondam a existência feminina, assim como os homens se debatem tentando compreender o que pensam as mulheres. Marte X Vênus talvez seja uma das grandes questões estruturais, atávicas, arquetípicas que sustentam a existência humana.
Já que a vida, contra a minha vontade, me empurrou de volta ao mundo dos sem-parceiro, decidi, apenas por hobby, voltar a praticar esse esporte radical que é tentar compreender a cabeça dos homens solteiros.
A primeira e grande pergunta que não quer calar e acomete dez entre dez solteiras, no estágio 1 de busca pela metade-da-laranja, é a clássica “por que ele pede o meu telefone e não me liga depois do primeiro encontro?”. Que fique claro que eu não fui pra balada achando que encontraria a minha metade-da-laranja e nem tive essa ilusão depois de ter ficado com os mocinhos que fiquei. Mas nesse momento de retorno à Selva dos Solteiros, conseguir ter contato físico de qualidade com parceiros relativamente passáveis não me parecia uma má idéia e, se a noite foi boa, não consigo imaginar por que não repetir a dose. Como diria uma certa amiga, um PA (Pinto Amigo) não faz mal a ninguém.
Eu confesso que não achei que fosse ser tão difícil conseguir olhar para o mesmo sujeito duas vezes (e não porque eles fossem feios). Pelo menos nas minhas já desbotadas lembranças de solteira dos idos dos anos 90, para cada homem que não ligava nos dias subseqüentes à ficada havia pelo menos um que queria te encontrar de novo.
Aqui pelas minhas estatísticas, 66,6% dos meus “ficantes” desse retorno à vida de solteiro não se deram ao trabalho de me ligar depois da nossa primeira “ficada”. Antes que vocês se sintam otimistas a respeito dos 33,3% restantes, devo informar que o único sujeito que ligou é um homem comprometido que não demonstrou absolutamente nenhum pudor em botar chifres na provavelmente bem pesada cabeça da namorada de nove (NOVE! NO-VE!!!) anos.
Que conste nas atas que eu obviamente não sabia disso quando fiquei com ele (e que ele, com a dissimulação cafajeste de que só alguns homens são capazes, jogou na minha cara que eu não tinha por que me sentir tão espantada, já que não perguntei a ele o seu estado civil antes que ele tomasse a iniciativa de ficar comigo).
Depois que a vida, contra a minha vontade, me empurrou de volta ao mundo dos sem-parceiro (e me perdoem as repetições, mas o momento exige bastante em termos de assimilação e acomodação), logo de cara fiquei impressionada de perceber quanta coisa mudou nesses quatro anos em que estive fora do mercado. Para começar, aquelas avançadinhas de sinal que aconteciam de vez em quando lá pelos idos dos meus 20 anos, reservada apenas aos homens mais ousados, às mulheres mais liberadas e às pistas de dança mais escuras, viraram a regra nas ficadas de hoje em dia. Eu, pelo menos, já constatei que três em três caras já quiseram passar a mão em tudo logo de cara.
Com o primeiro eu assustei mas pensei: “puxa, devo estar desatualizada...”. Quase pedi desculpas pela minha antigüidade. Cheguei mesmo a verbalizar, entre constrangida e tímida: “posso te falar uma coisa? Sabe o que é, eu fico meio constrangida de você tentar passar a mão na minha bunda assim, na frente de todo mundo...”
O cara me olhou com um sorriso de orelha a orelha, pediu desculpas e acrescentou: “Nossa, adorei que você disse isso, sabia?”
Eu, do alto da minha ingenuidade, pensei com os meus botões: “então é verdade o que se diz: homem gosta de mulher recatada, que põe limites. Legal, o cara valorizou.”. Na seqüência o garanhão emendou: “A maioria das mulheres simplesmente tira a nossa mão. Eu acho isso muito chato!!!”
Peraí... o cara simplesmente pega na bunda da menina dez minutos depois de conhecê-la e se ofende quando ela tira a mão dele de lá???
Esse rapaz é um forte candidato às cabeças no campeonato de falta de noção dos homens que eu conheci até agora.
Com o segundo, que por sinal era um antigo coleguinha de escola de apenas 24 aninhos, eu, me sentindo a “tia véia” diante das investidas do ninfeto, tentei pela via do afeto: “olha, posso de falar uma coisa? Você não tem nada a ver com isso, mas eu terminei há quatro meses um namoro de quatro anos... tô meio enferrujada...”.
E o rapazola responde: “desculpa, tia... é que eu sou meio taradinho”.
Ah, desculpa, ele não disse “tia” não! Foi o meu cérebro que acrescentou.
Precisei passar por isso duas vezes para conseguir perceber que o problema não era comigo. Gente, será que os caras realmente acham que a gente vai gostar de ser bolinada na frente de 200 pessoas por um sujeito que acabou de aprender o nosso nome (SE e QUANDO aprendeu)??? Juro que o próximo cara que ficar comigo e se mostrar um perfeito cavalheiro com as mãos vai subir vários pontos no meu conceito.
Pelo menos com o último consegui estabelecer alguns limites – diga-se de passagem, a duras penas. Como é que você consegue dizer isso de um jeito educado, fazer o cara entender e não achar que você está simplesmente jogando um charme pra cima dele?
O mancebo tentava colocar as duas mãozorras por dentro da minha blusa e eu sutilmente puxava as mãos de volta para o lado onde deveriam estar, até que lá pelas tantas resolvi emitir um comando vocal-verbal (aê, Manélson!): “me deixa vestida, por favor”. O rapaz responde com meio-sorriso e cara de vilão-da-novela-das-oito: “deixo... aqui eu deixo”.
Essas questões relacionadas ao público e ao privado ainda não ficaram muito claras nessa minha reestréia. Acho que ainda preciso de algum tempo para me readequar a esses novos costumes. É o sinal dos tempos...
Convenhamos que, para além da dificuldade de compreensão natural entre duas pessoas que se relacionam, é um fato que compreender a cabeça dos homens é um dos grandes mistérios que rondam a existência feminina, assim como os homens se debatem tentando compreender o que pensam as mulheres. Marte X Vênus talvez seja uma das grandes questões estruturais, atávicas, arquetípicas que sustentam a existência humana.
Já que a vida, contra a minha vontade, me empurrou de volta ao mundo dos sem-parceiro, decidi, apenas por hobby, voltar a praticar esse esporte radical que é tentar compreender a cabeça dos homens solteiros.
A primeira e grande pergunta que não quer calar e acomete dez entre dez solteiras, no estágio 1 de busca pela metade-da-laranja, é a clássica “por que ele pede o meu telefone e não me liga depois do primeiro encontro?”. Que fique claro que eu não fui pra balada achando que encontraria a minha metade-da-laranja e nem tive essa ilusão depois de ter ficado com os mocinhos que fiquei. Mas nesse momento de retorno à Selva dos Solteiros, conseguir ter contato físico de qualidade com parceiros relativamente passáveis não me parecia uma má idéia e, se a noite foi boa, não consigo imaginar por que não repetir a dose. Como diria uma certa amiga, um PA (Pinto Amigo) não faz mal a ninguém.
Eu confesso que não achei que fosse ser tão difícil conseguir olhar para o mesmo sujeito duas vezes (e não porque eles fossem feios). Pelo menos nas minhas já desbotadas lembranças de solteira dos idos dos anos 90, para cada homem que não ligava nos dias subseqüentes à ficada havia pelo menos um que queria te encontrar de novo.
Aqui pelas minhas estatísticas, 66,6% dos meus “ficantes” desse retorno à vida de solteiro não se deram ao trabalho de me ligar depois da nossa primeira “ficada”. Antes que vocês se sintam otimistas a respeito dos 33,3% restantes, devo informar que o único sujeito que ligou é um homem comprometido que não demonstrou absolutamente nenhum pudor em botar chifres na provavelmente bem pesada cabeça da namorada de nove (NOVE! NO-VE!!!) anos.
Que conste nas atas que eu obviamente não sabia disso quando fiquei com ele (e que ele, com a dissimulação cafajeste de que só alguns homens são capazes, jogou na minha cara que eu não tinha por que me sentir tão espantada, já que não perguntei a ele o seu estado civil antes que ele tomasse a iniciativa de ficar comigo).
Depois que a vida, contra a minha vontade, me empurrou de volta ao mundo dos sem-parceiro (e me perdoem as repetições, mas o momento exige bastante em termos de assimilação e acomodação), logo de cara fiquei impressionada de perceber quanta coisa mudou nesses quatro anos em que estive fora do mercado. Para começar, aquelas avançadinhas de sinal que aconteciam de vez em quando lá pelos idos dos meus 20 anos, reservada apenas aos homens mais ousados, às mulheres mais liberadas e às pistas de dança mais escuras, viraram a regra nas ficadas de hoje em dia. Eu, pelo menos, já constatei que três em três caras já quiseram passar a mão em tudo logo de cara.
Com o primeiro eu assustei mas pensei: “puxa, devo estar desatualizada...”. Quase pedi desculpas pela minha antigüidade. Cheguei mesmo a verbalizar, entre constrangida e tímida: “posso te falar uma coisa? Sabe o que é, eu fico meio constrangida de você tentar passar a mão na minha bunda assim, na frente de todo mundo...”
O cara me olhou com um sorriso de orelha a orelha, pediu desculpas e acrescentou: “Nossa, adorei que você disse isso, sabia?”
Eu, do alto da minha ingenuidade, pensei com os meus botões: “então é verdade o que se diz: homem gosta de mulher recatada, que põe limites. Legal, o cara valorizou.”. Na seqüência o garanhão emendou: “A maioria das mulheres simplesmente tira a nossa mão. Eu acho isso muito chato!!!”
Peraí... o cara simplesmente pega na bunda da menina dez minutos depois de conhecê-la e se ofende quando ela tira a mão dele de lá???
Esse rapaz é um forte candidato às cabeças no campeonato de falta de noção dos homens que eu conheci até agora.
Com o segundo, que por sinal era um antigo coleguinha de escola de apenas 24 aninhos, eu, me sentindo a “tia véia” diante das investidas do ninfeto, tentei pela via do afeto: “olha, posso de falar uma coisa? Você não tem nada a ver com isso, mas eu terminei há quatro meses um namoro de quatro anos... tô meio enferrujada...”.
E o rapazola responde: “desculpa, tia... é que eu sou meio taradinho”.
Ah, desculpa, ele não disse “tia” não! Foi o meu cérebro que acrescentou.
Precisei passar por isso duas vezes para conseguir perceber que o problema não era comigo. Gente, será que os caras realmente acham que a gente vai gostar de ser bolinada na frente de 200 pessoas por um sujeito que acabou de aprender o nosso nome (SE e QUANDO aprendeu)??? Juro que o próximo cara que ficar comigo e se mostrar um perfeito cavalheiro com as mãos vai subir vários pontos no meu conceito.
Pelo menos com o último consegui estabelecer alguns limites – diga-se de passagem, a duras penas. Como é que você consegue dizer isso de um jeito educado, fazer o cara entender e não achar que você está simplesmente jogando um charme pra cima dele?
O mancebo tentava colocar as duas mãozorras por dentro da minha blusa e eu sutilmente puxava as mãos de volta para o lado onde deveriam estar, até que lá pelas tantas resolvi emitir um comando vocal-verbal (aê, Manélson!): “me deixa vestida, por favor”. O rapaz responde com meio-sorriso e cara de vilão-da-novela-das-oito: “deixo... aqui eu deixo”.
Essas questões relacionadas ao público e ao privado ainda não ficaram muito claras nessa minha reestréia. Acho que ainda preciso de algum tempo para me readequar a esses novos costumes. É o sinal dos tempos...
13 comentários:
Cris, o q fazemos? desistimos de sair de casa? pq ta quase "missão impossível" conhecer alguém q não tenha tal comportamento.
:)
bjo, Cris (e a propósito ainda não descobri como o Gastón sabe quem eh quem...rs)
Cris, antes de mais nada, te ligo hj pra explicar o caminho do bar ;0)
Bom, minha querida, vc já está há mais tempo nessa luta. Já desenferrujou e voltou pra guerra. Mas, caso ainda não tenha havido explicação, vamos às alternativas para o cara pedir teu telefone e não te ligar:
1- ele pegou outro telefone que curtiu mais na noite passada. O seu telefone ficou de backup.
2- ele, estupidamente, achou que isso lhe daria uma imagem melhor. Imagem de cara que liga no dia seguinte. Aí, quando o dia seguinte chega, o infeliz está há quilômetros de distância e foda-se se ligou o não. Looser.
3- Pra não passar pelo constrangimento do "pô, vc não vai nem pedir meu telefone?". Aí tem aquele papo das obrigações clichés. Vira padrão e o cara faz só pra não ver cara feia. É, lembra das tais listinhas?
Got it?
Beijo, Gasta
(e eu sei bem quando é a Cris e quando é a Cris ;0)
Veja bem, o mercado está escasso de homens de respeito, mas em grande parte é culpa da mulheres que não se dão ao respeito. Aí é assim, a gente cai de paraquédas na night e se sente a própria santinha no ambiente mundano. Não há nada de errado com a gente, colega, a questão toda é: falta de prática e vergonha na cara!
É, essa volta à ativa é assustadora mesmo... cada uma! mudou a faixa etária, o comportamento, a nacionalidade (no meu caso)... Não é fácil entender, acostumar...
Mas, como você já sabe, isso passa. Que bom!
Cris, é uma merda mesmo, mas logo vc reconhece o padrão de longe e nem dá chance de se aproximar.
Sobre o seu primeiro parágrafo, saiba que meu ex-marido, casado comigo há 14 anos, comprou junto comigo um apê enorme e caro, NA PLANTA, um mês antes de sair de casa pra ficar com a amante. Ou seja, nunca é possível prever.
beijo
Cris, será que "é o sinal dos tempos" ou é o FINAL dos tempos??? E, cá entre nós, que tipo de homem diz "desculpa, tia... é que eu sou meio taradinho”??? HAHAHAHAHA, acho que vc deve mudar de bat-local, quem sabe? beijos e boa sorte nessa selva, minha flor! Fla
Cris,
é como eu disse: do limão à limonada. O negócio é desenvolver um belo jogo de cintura e aproveitar o que cada experiência tem de bom (mesmo que sirva para você confirmar o que NÃO quer!)
E o Gastón não confunde mais a gente porque agora eu sou chique, só assino como "Mulher Solteira", hahahahahahah
Gastón!!!!! Iiiiiiiipi!! Encontrinho!!!
Bom, pois é, tô mais safa mas de vez em quando ainda me aborreço com a falta de telefonema pós ficada. A grande questão é o raio do parecer do imponderável. Nem sempre fica claro pra gente que aquele mocinho que a gente achou o máximo achou a gente apenas uma boa companhia para uma noite. Fazer o quê...
Oi Fabiana,
eu confesso que me sinto bem constrangida de ter que explicar ou demonstrar para um mocinho que não tô a fim de ser bolinada em frente a uma multidão. Acho foda pensar que a culpa é da mulher. Não é uma questão de ser ou não santinha, mas de saber que existem coisas que cabem num espaço público e outras que devem ser reservadas a um espaço privado. Mas essa é apenas a minha opinião...
MH,
pois é, até uva passa! Ainda bem que já percorri as estações do ano todas... :)
Claudia,
é incrível mesmo. Eu fico impressionada com a falta de auto-conhecimento das pessoas (isso numa interpretação otimista dos fatos) e as conseqüências disso para um parceiro amoroso... o negócio é a gente ficar firme e forte para enfrentar qualquer parada! Pero sin perder la ternura...
Flá,
você está perguntando sobre a expressão ou os fatos? A expressão mais comum é "sinal dos tempos", mas para os fatos tanto sinal quanto final caem perfeitamente... :)
E o episódio do mocinho que quase me chamou de tia aconteceu na sua querida Trash! Agora só vou lá por esporte mesmo... tô descolada, nega!
Beijos!
é incrível a capacidade que eles têm de virar polvo!
beijo procê!
Gostei do Blog, já está em meus Feeds. Posso te ajudar dizendo algumas coisas sobre os homens:
Nós somos das cavernas... E vou dizer que é difícil perder o hábito de puxar as mulheres pelos cabelos! Pelo menos eu tento avançar para a idade do bronze!
Amiga?
Drika,
hahahhahahaha, é isso mesmo! Com esses polvos, pernas-pra-que-te-quero!
Urbenauta (sempre que leio seu nick penso em "ubernauta", acho que lembro do superhomem do Nietzsche),
legal! Seja bem-vindo. Pontos de vista masculinos são raros por aqui, mas sempre desejados. E agradeço pela dica... acho que estou constatando empiricamente a sua afirmação. :)
Amiga: oi!!!!!!!!!!!!!
Ai crisonilda, isso já tá dando material para uma oficina,educação continuada, manual de instruções mesmo...
Num lugar mais privado, te conto meus antigos truques pra fugir dos scanners de protidão.
Ah! E, finalmente, tô de post novo.
Beijões
Fantoli-toli-tolá,
o pior é que isso é que nem aquele jogo de cartas do "Turista Acidental" (já te falei disso?), quando você pensa que aprendeu descobre uma regra nova. Interminável...
Li seu post novo! Que lindinho! :)
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